Título: BNDES anuncia corte de taxas nas linhas para investimentos
Autor: Alberto Komatsu
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/01/2006, Economia & Negócios, p. B3

É o momento próprio para estimular o desenvolvimento, diz Mantega

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciará no dia 14 de fevereiro um pacote de redução de juros de várias linhas de financiamento. Entre alguns dos setores beneficiados estão o de máquinas e equipamentos, geração de energia elétrica, bioenergia, bens de capital para inovação tecnológica e resolução de gargalos em portos e ferrovias. "Vamos apresentar um caderninho com todas as mudanças, todas as prioridades, todas as linhas de crédito que se beneficiarão de uma redução do spread. E são muitas", anunciou ontem o presidente do BNDES, Guido Mantega.

Segundo ele, trata-se de "um momento próprio" da instituição, que quer estimular áreas prioritárias para o desenvolvimento do País, seguindo a tendência da redução da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP, usada como referência para os empréstimos do banco e que recuou de 9,75% para 9% ao ano, no mês passado).

Mantega citou como principal exemplo o Modermaq, linha de financiamento criada em outubro de 2004 para estimular o investimentos em máquinas e equipamentos. Desde sua criação até dezembro do ano passado, o BNDES desembolsou R$ 1,7 bilhão para esse segmento.

O Modermaq tinha custo fixo de 13,95% ao ano e era uma das menores taxas do BNDES, lembra Mantega. Ele enfatiza que a redução do custo dessa linha só será possível por causa do recuo da TJLP e dos spreads do banco.

"A redução dos spreads obedeceu uma lógica, que é a do programa estratégico para o País, que define os setores que são prioritários", afirma Mantega. Na opinião do executivo, o recuo da TJLP e dos spreads do BNDES é só o começo. "A tendência de longo prazo é a de uma redução de custo do crédito no Brasil, o que é uma condição básica para o desenvolvimento."

O BNDES poderá emitir debêntures de longo prazo este ano por meio de sua subsidiária BNDES-Par, informou o diretor-financeiro do banco, Carlos Kawall. Ele explicou que a operação, inédita, vai depender do montante que o banco vai desembolsar em 2006. Segundo Kawall, desembolsos de R$ 60 bilhões, tal como está previsto para este ano, justificaria a emissão dos papéis de dívida.

FOMENTO DO RIO

A agência de fomento do Estado do Rio (Investerio) foi credenciada ontem como agente financeiro do BNDES, que destinará inicialmente R$ 1,8 milhão para financiar micro, pequenas e médias empresas. A quantia vai se somar aos ativos totais de R$ 6,3 milhões da Investerio, que quer desenvolver arranjos produtivos locais.

A estimativa é a de pôr à disposição até R$ 20 milhões, pois as regras do Banco Central permitem que a Investerio possa ter o seu patrimônio de referência (R$ 5,4 milhões) aumentado em até 3,3 vezes.