Título: Lula quer unir líderes para garantir Doha
Autor: Rolf Kuntz
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/01/2006, Economia & Negócios, p. B5

Presidente fala com Merkel e com o sul-africano Mbeki

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva retomou ontem a iniciativa de propor uma reunião de líderes dos países protagonistas das negociações da Organização Mundial de Comércio (OMC) com o objetivo de superar os impasses da Rodada Doha. Ele telefonou para a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e para o presidente da África do Sul, Thabo Mbeki, para propor a realização do encontro. No mês passado, pouco antes da conferência ministerial da OMC em Hong Kong, Lula havia apresentado a mesma proposta ao primeiro-ministro britânico, Tony Blair, e ao presidente dos Estados Unidos, George W. Bush.

De acordo com nota do Itamaraty, Merkel concordou que seria importante não perder o ímpeto das negociações da OMC. Mas ela não deu nenhuma resposta decisiva a Lula, informando que faria consultas internas em seu país.

Durante a conversa com Mbeki, Lula também sugeriu que uma sessão especial para a discutir os entraves da Rodada Doha seja feita durante a Cúpula da Governança Progressiva, nos dias 11 e 12 de fevereiro, na África do Sul. Segundo a nota, o presidente sul- africano concordou que seria uma boa ocasião.

A proposta de uma reunião de países líderes também está sendo articulada em outras frentes. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim está discutindo em Davos essas questões com os representantes dos EUA, União Européia, África do Sul, Índia, Japão e Austrália.

Esse encontro de líderes é visto no Itamaraty como crucial para contornar os obstáculos que já não podem mais ser resolvidos pelos ministros da OMC. Esses entraves se concentram nas discussões sobre a abertura do mercados agrícolas e foram agravados por recentes posições da UE. Na semana passada, Bruxelas emitiu sinais de que poderá retroceder em acertos alcançados em Hong Kong, como nas decisões sobre a eliminação de subsídios à exportação, e reiterou que sua proposta é uma oferta final. Mas sem uma proposta mais ampla da UE, os EUA não fariam nenhuma oferta aceitável sobre a redução dos subsídios.