Título: Estatal petrolífera da Bolívia nega já ter plano para retomar refinarias
Autor: Lourival Sant'Anna
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/01/2006, Internacional, p. A18

A empresa estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) negou ontem a notícia veiculada pela agência France Presse de que teria sido anunciado um plano de retomada das duas refinarias da Petrobrás no país.

"Vai ser um longo processo de negociações com a Petrobrás, que ainda nem começou", declarou ao Estado um assessor de imprensa da YPFB.

"Uma medida de tamanho impacto como essa teria de ser anunciada pelo presidente Evo Morales", acrescentou o assessor. "Não há nada nesse sentido."

Procurado pelo Estado, o Ministério de Hidrocarbonetos ratificou que não há nenhuma novidade sobre o tema.

Em seu discurso de posse, na quarta-feira, o novo presidente da YPFB, o engenheiro de petróleo Jorge Alvarado, nem mencionou o tema.

O que Alvarado disse aos jornalistas, depois de tomar posse, foi que a Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos passará por um processo de reestruturação e capitalização, que durará cerca de dois anos, ao fim do qual ela ingressará em todas as etapas da cadeia: exploração, produção, transporte e comercialização.

Desde o governo anterior, do ex-presidente Carlos Mesa, a Bolívia tem a intenção de recuperar as duas refinarias da Petrobrás, que respondem por 98% do refino de petróleo do país. Morales falou em "devolução", mas negou que haveria confisco, e sim compra.

Adquiridas pela Petrobrás no fim dos anos 90, por US$ 102 milhões, as duas refinarias estão avaliadas hoje em US$ 150 milhões a US$ 200 milhões, mas o governo boliviano não tem esse dinheiro. A venda interessa à Petrobrás, que tem tido prejuízos com as refinarias, que produzem 40 mil barris de petróleo por dia.