Título: Serra vive dia de candidato e ataca presidente
Autor: Jander Ramon
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/01/2006, Nacional, p. A5

O prefeito de São Paulo, José Serra, recebeu ontem a primeira manifestação não partidária de apoio à sua pré-candidatura presidencial. Ele foi até o Jardim Santa Helena, no bairro de São Miguel Paulista, na zona leste, para inaugurar uma unidade de Assistência Médica Ambulatorial (AMA), e deparou-se com um ato público, com direito a faixas e gritos de "Brasil, contente, Serra presidente".

O evento transcorreu como ato de campanha. Na abertura, o subprefeito de São Miguel, Samuel Moreira, deu tom eleitoral a seu discurso, ao elogiar Serra como um "estadista", perante as cerca de 100 pessoas presentes. "Seria bom para São Paulo se tivéssemos um presidente estadista, cuidando do emprego, da saúde e da educação", afirmou Moreira. "Qualquer que seja o destino de Serra, São Paulo estará no coração dele", acrescentou, na tentativa de rebater as críticas à possibilidade de ele deixar a Prefeitura, com pouco mais de um ano de mandato, se vencer a disputa com o governador Geraldo Alckmin e for o escolhido do PSDB para concorrer à Presidência.

Serra, por sua vez, não deixou por menos e também parecia um candidato em plena campanha. Cumprimentou pessoas, beijou crianças, visitou as salas de atendimento da AMA, conversou com médicos e atendentes da unidade.

NORMAL

Depois, em entrevista, ele disse que considerava natural o apoio à sua candidatura: "É normal que as pessoas se manifestem, face a todo o noticiário." Sobre o discurso do subprefeito, ele contou que tem pedido a funcionários públicos e políticos que não façam tais declarações em eventos, mas também classificou esse tipo de atitude "normal dentro da política".

Como tem feito nos últimos meses em aparições públicas, o presidenciável atacou o PT e o governo Lula em seu discurso. "Vimos dados, no fim de semana, de que entre 2003 e 2004, com o mesmo partido (o PT) no governo federal e aqui em São Paulo, aumentou em 200 mil o número de pobres na cidade. Não é brincadeira", disse, explicando que a informação se baseava em dados do IBGE.

Para o prefeito, o crescimento da pobreza no município é conseqüência da política econômica do governo federal e de ações municipais para estimular a geração de empregos.

"É preciso que o Brasil como um todo cresça. São Paulo é a cidade que mais depende do Brasil e o Brasil, ao mesmo tempo, entre todas as cidades, depende mais de São Paulo", argumentou o prefeito. "E o Brasil tem de voltar a andar, para gerar emprego e renda. Não há política de saúde, de educação e de renda mínima capaz de compensar o efeito do desemprego, que é o problema número um."