Título: Desvio está comprovado, sustenta delegado
Autor: Gustavo Porto
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/01/2006, Nacional, p. A5

Segundo ele, para cada R$ 1 pago outros R$ 2 eram superfaturados

O delegado seccional da Polícia Civil de Ribeirão Preto, Benedito Antônio Valencise, disse ontem que tem provas documentais e testemunhais suficientes de fraudes e desvio de dinheiro público no serviço de coleta de lixo na cidade durante a gestão petista do então prefeito Antônio Palocci. "O superfaturamento está 100% comprovado: para cada R$ 1 de serviço prestado, R$ 2 eram superfaturados", afirmou Valencise.

"Os funcionários do Daerp eram coagidos, ameaçados e sofriam pressão de superiores para alterarem as informações das ordens de serviço." Segundo o delegado, foram ouvidas várias testemunhas, entre funcionários do Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto (Daerp) e moradores de bairros, que considerou "confiáveis e honestas".

Há dois inquéritos que apuram irregularidades na coleta de lixo em Ribeirão Preto, abertos pela Polícia Civil desde 2004. O primeiro foi concluído em setembro de 2005, com cinco indiciados por formação de quadrilha, dos quais quatro tiveram a prisão preventiva requerida. O inquérito está travado na Justiça, pois o advogado de Wilney Barquete, um dos indiciados, requisitou a exclusão de todas as transcrições telefônicas dos autos.

O segundo inquérito, que apura peculato, corrupção e falsidade ideológica, está em andamento e deverá ser concluído até o fim de fevereiro. Sobre o primeiro inquérito, o juiz da 3ª Vara Criminal, Paulo César Gentile, deverá decidir, nos próximos dias, se as transcrições telefônicas autorizadas pela Justiça, feitas entre abril e agosto de 2004, que iniciaram as investigações, serão ou não excluídas dos autos. O advogado de Barquete, Renato Martins, alegou, em dezembro, que o juiz da Vara do Júri e de Execuções Criminais, Luís Augusto Freire Teotônio, não tinha competência para autorizar o grampo, o que deveria ser feito pelo juiz da ação principal.