Título: Ribeirão rendeu pelo menos 30 inquéritos
Autor: Gustavo Porto
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/01/2006, Nacional, p. A5

Palocci diz que STF arquivou vários, mas processos cíveis continuam

As duas gestões do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, na prefeitura de Ribeirão Preto (1993-1996 e 2001-2002), produziram ao menos 30 inquéritos civis e criminais, tanto no Ministério Público quanto na Polícia Civil. Durante depoimento na CPI dos Bingos, no entanto, Palocci usou em sua defesa o argumento de que vários inquéritos contra sua administração foram arquivados pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

De fato os processos criminais foram arquivados, mas em razão de Palocci ser ministro e ter foro privilegiado, observou o promotor do Grupo de Atuação Especial Regional de Prevenção e Repressão ao Crime Organizado (Gaerco), Sebastião Sérgio da Silveira. Segundo ele, porém, as investigações na esfera cível não foram interrompidas. "As ações de improbidade administrativa continuam em Ribeirão Preto por parte do Ministério Público", afirmou Silveira.

Entre as ações contra a administração de Palocci estão, por exemplo, a aquisição de cestas básicas sem licitação ou por processo supostamente dirigido e pagamento por obras que nunca foram feitas. Entre elas está o Vale dos Rios, projeto de intervenção no centro de Ribeirão, que custou R$ 8 milhões aos cofres públicos e não saiu do papel.

Já a relação de Palocci com o Grupo Leão Leão é o caso de maior repercussão. Envolve, além do maior doador da campanha eleitoral do ministro à prefeitura de Ribeirão em 2000, nomes como Rogério Buratti, Ralf Barquete dos Santos, Wilney Barquete - todos ex-funcionários com cargos de chefia no Grupo Leão Leão e ex-secretários municipais.

Em agosto de 2005, no auge das investigações sobre suspeitas de irregularidades no processo de coleta de lixo e varrição em cidades paulistas, Buratti denunciou o pagamento de propina de R$ 50 mil por mês pelo Grupo Leão Leão a Palocci. Segundo ele, o dinheiro era enviado ao diretório do PT em São Paulo. Como sempre, todos os acusados negam as acusações.