Título: No Conselho de Ética, segue forte a troca de integrantes
Autor: Luciana Nunes Leal
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/01/2006, Nacional, p. A7

O deputado Pedro Canedo (PP-GO), autor do parecer que recomendou a cassação do petista Professor Luizinho (SP), deixou ontem a Câmara e a vaga no Conselho de Ética. Suplente do deputado Leonardo Vilela (PSDB-GO), ele devolveu a vaga ao titular e já não participará da sessão de hoje, quando será votado o parecer pela cassação do presidente de seu partido, Pedro Corrêa (PP-PE).

Na semana passada, Canedo esteve no centro de uma polêmica em torno da votação do parecer pela cassação do deputado Roberto Brant (PFL-MG). Segundo Canedo, Corrêa determinou que ele não fosse à sessão do conselho até que a bancada do PP se reunisse e tomasse uma decisão conjunta sobre o pefelista. O deputado já tinha avisado que votaria pela condenação, ao contrário do outro conselheiro do PP, Benedito de Lira (AL). Corrêa negou ter pressionado Canedo a mudar o voto e disse que ele foi liberado para votar como quisesse.

Canedo também recebeu pressão no processo de Luizinho para absolver o petista, mas surpreendeu os colegas e o próprio processado ao apresentar parecer pela condenação. O parecer foi aprovado no mesmo dia da condenação de Brant. O PP indicará hoje o substituto. No conselho, Canedo era suplente do corregedor da Câmara, Ciro Nogueira (PP-PI).

Canedo disse ontem que foi "uma coincidência" ter saído na véspera da votação da cassação de Pedro Corrêa. Ele atribuiu a saída à decisão do governador de Goiás, Marconi Perillo, de mandar de volta para a Câmara os deputados que ocupavam secretarias estaduais. Voltaram os tucanos Leonardo Vilela (Secretaria de Infra-Estrutura de Goiás) e Raquel Teixeira (Ciência e Tecnologia) e Roberto Balestra (Agricultura), do PP. Saíram Canedo, Sérgio Caiado (PP) e Capitão Wayne (PSDB).

"O governador queria que eles voltassem em 31 de dezembro e conseguimos passar para 31 de janeiro. Agora não teve jeito. Gostaria muito de ficar na Câmara e no conselho, não agüento mais ser suplente. Já estava previsto que sairíamos. Não pode parecer retaliação, porque o partido não poderia me expulsar do conselho", disse Canedo ontem.

Por meio da Assessoria de Imprensa, Corrêa disse que lamentava que a bancada do PP ficasse com um deputado a menos e garantiu não ter problema com Canedo.

PLACAR

A expectativa para a votação de hoje é de que, depois de dois placares apertados na semana passada, a cassação do mandato de Corrêa seja aprovada com margem maior de votos do que as de Brant (8 a 7) e Luizinho (9 a 5).

A votação marcará a volta ao conselho do relator do processo de Corrêa, Carlos Sampaio (PSDB-SP), depois de uma viagem de dez dias. Sampaio não viu as movimentações de seu partido, na semana passada, em defesa de Brant. A cassação do parlamentar mineiro dividiu o conselho ao meio e o presidente, Ricardo Izar (PTB-SP), foi obrigado a desempatar. A cassação foi recomendada pelo relator Nelson Trad (PMDB-MS).

Para garantir mais um voto em favor de Brant, o PSDB escolheu o deputado Jutahy Júnior (BA) para substituir Gustavo Fruet (PR), que renunciou, mas o parlamentar baiano ficou apenas uma hora como conselheiro. Votou e abriu mão da vaga.