Título: Israel interrompe repasse de verbas de impostos para governo palestino
Autor: Daniela Kresch e Reali Júnior
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/01/2006, Internacional, p. A10

Os líderes do Hamas enfrentam o boicote econômico israelense à Autoridade Palestina (AP) depois da consagradora vitória do grupo radical nas eleições legislativas da semana passada. O governo do primeiro-ministro interino Ehud Olmert decidiu não transferir à Autoridade Palestina a receita de impostos de janeiro.

Israel é responsável pelo recolhimento mensal de impostos alfandegários e sobre circulação de mercadorias pagos por cidadãos palestinos. O montante é transferido, também mensalmente, aos cofres da Autoridade Palestina, em Ramallah.

A receita de mensal chega a quase US$ 55 milhões. Sem esse montante, a AP não tem como pagar amanhã os salários de seus 150 mil servidores públicos. Ainda não está clara se a suspensão é temporária ou definitiva. "Não temos a intenção de transferir dinheiro para ser usado em terrorismo", disse Ehud Olmert no domingo à noite. "Estamos estudando nosso próximos passos em vista dos acontecimentos".

A decisão israelense causou fúria dentro do governo palestino. Para o vice-ministro da informação da AP, Ahmed Subah, trata-se se uma punição coletiva decretada antes mesmo de o Hamas tomar o poder. "O congelamento não prejudica o Hamas, e sim o governo do presidente Mahmud Abbas, que é da Fatah. É uma chantagem desnecessária. O povo palestino já sofre o suficiente com a ocupação israelense", acredita Subah

A decisão da UE de continuar a ajudar financeiramente os palestinos não pegou o Hamas de surpresa. Pelo menos no caso de Khaled Rai, candidato eleito pelo distrito de Jericó. "Nunca acreditei que os europeus fossem cortar o financiamento. Seria uma punição ao povo palestino e um desrespeito à escolha democrática", disse Rai ao Estado.