Título: Álcool pressiona e IPCA-15 vai a 0,51%
Autor: Jacqueline Farid
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/01/2006, Economia & Negócios, p. B6

Combustível também contribui para alta do IPC-Fipe

O acordo entre governo e produtores não impediu a forte pressão do álcool sobre a inflação oficial em janeiro. O Índice de Preços ao Consumidor-15 (IPCA-15) ficou em 0,51%, ante 0,38% em dezembro, segundo dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O álcool, com reajuste de 9,22%, representou sozinho uma pressão de 0,10 ponto porcentual sobre a taxa e ainda foi responsável pela elevação no preço da gasolina (0,59%).

Como a gasolina tem 25% de álcool anidro em sua composição, acabou sofrendo o impacto do aumento provocado pela entressafra sucroalcooleira na região Centro-Sul. O IPCA-15 é uma espécie de prévia dos resultados do IPCA, referência para as metas de inflação do governo. Os dois índices diferem-se apenas no período de coleta. A taxa divulgada ontem foi pesquisada entre 14 de dezembro e 13 de janeiro. Para o IPCA, que será divulgado em fevereiro, a coleta ocorre durante todo o mês civil.

As pressões sobre o IPCA-15 já haviam sido contabilizadas nas projeções do mercado financeiro e, por isso, a alta ficou dentro do esperado e não abalou as expectativas em relação à continuidade da trajetória de queda da taxa básica de juros (Selic). As projeções para o IPCA de janeiro mantiveram-se em torno de 0,65%.

IPC-FIPE

O IPC-Fipe de 0,62% divulgado ontem é o menor para uma terceira quadrissemana de janeiro desde 2001, quando variou 0,39%.

Mesmo assim, a inflação da capital paulista da terceira quadrissemana de 2006 é a maior desde o fechamento de outubro do ano passado, quando apresentou variação de 0,63%. O índice divulgado ontem também mostra a quarta aceleração consecutiva do indicador, que subiu de 0,15% para 0,29% no fechamento de dezembro e avançou para 0,46% na primeira quadrissemana de janeiro e para 0,59% na segunda.

Apesar disso, o coordenador do IPC-Fipe, Paulo Picchetti, descartou qualquer preocupação no momento com a inflação paulistana.

Este movimento de alta é natural nesta época do ano, em razão de fatores como reajuste das mensalidades escolares, viagens de férias e as chuvas, que aumentam os preços dos hortifrútis. Neste ano, a elevação do preço do álcool foi mais forte e o item vem aparecendo na lista das maiores altas individuais desde a segunda pesquisa de dezembro de 2005. Na segunda quadrissemana de janeiro, o preço do produto subiu 12,82% e na anterior, 10,95%.