Título: Despesa com juros cresce 22% e atinge R$ 157,14 bi
Autor: Sérgio Gobetti e Ribamar Oliveira
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/01/2006, Economia & Negócios, p. B1

As despesas do setor público com juros cresceram 22,52% em 2005 e atingiram o recorde de R$ 157,145 bilhões. A razão foi a alta dos juros promovida pelo Banco Central (BC) entre setembro de 2004 e abril do ano passado. Com isso, a taxa média de juros saltou de 16,25% em 2004 para 19,05% em 2005.

Para piorar, o chefe do Departamento Econômico (Depec) do BC, Altamir Lopes, destacou que a mudança de composição da dívida pública, promovida pelo governo, acabou por fazer com que a conta de juros não fosse favorecida pela valorização do câmbio.

A parcela da dívida corrigida pelo câmbio caiu de16,8% do total, no fim de 2004, para 5,6% em dezembro passado. Com isso, ressaltou Lopes, os ganhos financeiros com a variação cambial em dezembro de 2005 ficaram em R$ 172 milhões. "Em igual mês de 2004, esse ganho havia sido de R$ 1,6 bilhão."

Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), os gastos com juros aumentaram no ano passado de 7,26% para 8,13%. O porcentual é o maior desde os 9,33% do PIB verificados em 2003. Para este ano, o chefe do Depec está otimista. Acha que o peso das despesas com juros poderá ser reduzido com a queda das taxas.

"O mercado espera para este ano uma taxa média de juros de 15,80%." Com isso, as despesas de juros em relação ao PIB poderiam ficar em cerca de 7%. Se confirmado, esse será o menor nível desde os 5% do PIB verificados em 1997.

A redução dos gastos com juros é apontada como a forma mais adequada de se obter a queda consistente da dívida líquida do setor público. "A nossa dívida poderia ser zerada em 15 anos", diz um analista. O objetivo poderia ser alcançado sem o governo precisar trabalhar com metas de superávit elevadas. "Sem precisar gastar tanto com juros, poderíamos ter um superávit primário mais brando."