Título: Aperto monetário deve continuar nos EUA
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Fonte: O Estado de São Paulo, 31/01/2006, Economia & Negócios, p. B7

Na última reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) sob o comando de Alan Greenspan, hoje, as taxas básicas de juros de curto prazo devem crescer 0,25 ponto porcentual, o 14º aumento desde junho de 2004, indo para 4,5% ao ano. Essa é a previsão de grande parte dos analistas. "É o último hurra de Greenspan, o canto de cisne de um grande cara", comparou um economista da consultoria Argus Research, Richard Yamarone.

A grande dúvida é se haverá uma nova alta em março. Na reunião de dezembro, os membros o Comitê de Mercado Aberto do Fed (Fomc) já sugeriram que o ciclo de aperto monetário está perto do fim. Mas há divisões internas sobre o quanto as taxas ainda têm de subir para que o Fed declarasse encerrada a temporada de altas.

É no meio desse racha interno que o novo presidente, Ben Bernanke, Vai assumir amanhã, após ser aprovado pelo Senado hoje. Grande parte dos economistas prevê que os juros também vão aumentar em 0,25 ponto porcentual no próximo mês. "Bernanke precisa mandar uma mensagem ao mercado financeiro, que, quando se trata de inflação, 'Eu não sou o Gentil Ben, sou o Big Ben'", brincou Yamarone.

Após a reunião de hoje, a portas fechadas, será divulgado um comunicado. Mas não deve haver grandes revelações ou homenagens. "Greenspan quer sair discretamente", explicou o economista-chefe do SunTrust Banks, Gregory Miller.

Entretanto será difícil evitar que os olhos do mundo estejam voltados para o Fed hoje, quando um dos homens mais poderosos do planeta deixará o cargo que ocupou por mais de 18 anos.

E, se a tradição for mantida, Greenspan levará para seu novo escritório a cadeira onde há uma placa com seu nome e da qual decidia os rumos da política monetária dos EUA.

CASA BRANCA

Para suceder Bernanke como presidente do Conselho de Assessores Econômicos da Casa Branca (CEA), o presidente George W. Bush vai indicar Edward Lazear, informou ontem o porta-voz presidencial, Scott McClellan. Lazear, que leciona na Universidade de Stamford, foi um dos membros do painel de reforma tributária criado por Bush, que entregou um relatório sobre a questão no ano passado.

Criado em 1946, o CEA presta assessoria e aconselha o presidente em questões econômica, incluindo a preparação do relatório econômico anual do presidente dos Estados Unidos.