Título: Bush adverte: cortará ajuda a palestinos se Hamas não abandonar as armas
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Fonte: O Estado de São Paulo, 28/01/2006, Internacional, p. A16

Se o Hamas assumir o poder sem abandonar as armas e parar de ameaçar Israel, toda a ajuda do governo americano ao povo palestino será cortada, advertiu ontem o presidente George W. Bush. "Eles têm de se livrar daquele braço armado e violento de seu partido", disse Bush à TV CBS News. "E eles têm de se livrar daquela parte de sua plataforma que diz que eles querem destruir Israel", acrescentou. "Se não fizerem isso, ... os pacotes de ajuda não serão enviados."

O porta-voz do Departamento de Estado, Sean McCormack, reforçou a advertência: "A legislação e nossa política estabelecem que nenhum dinheiro vá para organizações terroristas." O Hamas integra uma lista de grupos terroristas preparada pelo Departamento de Estado. Este ano, o governo americano tem previsto o envio de US$ 150 milhões em ajuda para desenvolvimento e outras necessidades básicas. Uma outra quantia, de US$ 84 milhões, é distribuída à Autoridade Palestina (AP) por intermédio da ONU.

O porta-voz disse que a secretária de Estado, Condoleezza Rice, tratará do assunto na segunda-feira, durante encontro com representantes da União Européia (UE) e da Rússia, em Londres. Com a ONU, eles formam o Quarteto para o Oriente Médio, grupo que busca fazer avançar o mapa da estrada, último projeto de paz para a região. Como principal fornecedora de ajuda financeira à AP, a UE pode atuar como mediadora para forçar a moderação do Hamas. Depois do anúncio da vitória do Hamas, a UE informou estar disposta a manter a ajuda de 300 milhões anuais, mas espera um compromisso do novo governo palestino com o processo de paz.

Outra fonte de recursos para os palestinos são as dezenas de milhões de dólares em impostos cobrados por Israel e transferidos para a AP. Durante a segunda intifada (iniciada em setembro de 2000), Israel congelou a entrega desses recursos, o que agravou a situação econômica nos territórios ocupados.

O dinheiro é necessário para o pagamento dos salários de 135 mil funcionários públicos palestinos. Ontem, no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, autoridades israelenses deixaram essa questão no ar. "Enfrentaremos problemas práticos sobre como lidar com pessoas que pedem a destruição de Israel", disse Joseph Bachar, diretor do Ministério das Finanças de Israel. "Se a a Europa corta sua ajuda, corre o risco de provocar uma degradação maior da situação geral. O melhor é pressionar, abrir o diálogo com o Hamas para forçá-lo a moderar seu discurso e rever seu objetivo de destruir Israel", disse Mariano Aguirre, da Fundação para o Diálogo Internacional, com sede em Madri.