Título: Delúbio escolheu bancos, diz Genoino à PF
Autor: Fausto Macedo e Rodrigo Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/02/2006, Nacional, p. A5

O ex-presidente do PT José Genoino afirmou ontem à Polícia Federal em São Paulo que os empréstimos - dos quais foi avalista - realizados pelo partido no BMG e no Banco Rural foram tomados com base em "decisão conjunta do diretório nacional". Segundo ele, no início de 2003 a direção do partido considerou a necessidade de buscar empréstimos no mercado, que somaram R$ 5,4 milhões. "Os detalhes não foram tratados por mim", assegurou Genoino. "A negociação e a escolha das instituições financeiras ficaram a cargo do Delúbio Soares (ex-tesoureiro do PT)."

Genoino foi ouvido, durante uma hora e dez minutos, como testemunha no inquérito federal que investiga o mensalão e corrupção nos Correios. O criminalista Luiz Fernando Pacheco, que acompanhou o ex-presidente do PT à Polícia Federal, disse que Genoino confirmou declarações que já havia dado à CPI dos Correios e ao Conselho de Ética da Câmara.

Ele anotou que não há necessidade de uma acareação entre Genoino e Delúbio. "O Delúbio foi o primeiro a admitir que era o único responsável pelas operações de empréstimos", ressaltou o advogado. "Simplesmente assinei como avalista", reiterou Genoino, destacando que isso era normal. "Eu era o presidente do partido e deixei (as transações) a cargo do Delúbio, em confiança."

Genoino afirmou à PF que não conhecia Marcos Valério Fernandes de Souza, suposto operador do mensalão nem suas agências de publicidade, DNA e SMPB. "Minhas funções eram eminentemente políticas na presidência do partido", declarou. "As funções administrativas, gerenciais e financeiras eram de competência do Delúbio."