Título: 'Urucubaca é o governo que não funciona', diz Alckmin
Autor: Fausto Macedo e Rodrigo Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/02/2006, Nacional, p. A8

Em campanha, o governador Geraldo Alckmin chamou ontem o governo Lula de "desgoverno, frouxo eticamente". Alckmin, que pode ser o candidato do PSDB à Presidência, desafiou o oponente. "O problema dele é a urucubaca", declarou, ao fim da cerimônia de posse do novo presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), conselheiro Robson Riedel Marinho, que deu ao evento um clima de comício político, ao defender a candidatura tucana.

Foi Lula quem reclamou, na segunda-feira, da urucubaca que a oposição teria feito para que malograssem sua administração e o crescimento econômico. "Urucubaca é a falta de governo, é o governo que não funciona, que não tem projeto", retrucou Alckmin. "É o desgoverno, a falta de comportamento ético, a falta total de projeto e uma enorme deficiência administrativa, isso é o que se observa do governo do PT, o governo parado." Para ele, "a corrupção já está mais do que provada".

Duzentos prefeitos e deputados estaduais e federais tomaram o plenário do TCE e depois fizeram fila para o beija-mão de Alckmin - que foi saudado por muitos como presidente e disputado para fotos.

O toque de palanque ficou a cargo do conselheiro Robson Marinho, de 56 anos, que foi deputado pelo antigo MDB e depois se filiou ao PSDB. Novo presidente da corte que a Constituição manda examinar e julgar com isenção as contas de 644 municípios paulistas e de todo o governo estadual, Marinho defendeu a volta do PSDB ao Palácio do Planalto. Só não declarou se apóia Alckmin ou José Serra.

No plenário do TCE, transformado em comitê político por seu presidente, fizeram companhia a Alckmin, além de Serra - que chegou atrasado -, quatro ex-governadores: Laudo Natel, Paulo Egydio Martins, José Maria Marin e Luiz Fleury Filho.

BRAVATAS

O governador avaliou que a corrupção será debatida na campanha. "Mas o que vai distinguir uma candidatura é a proposta de crescimento mais forte, sem inflação", disse. "A gente vê com tristeza o superávit primário, com aumento da carga tributária e falta de investimentos, pouquíssimas obras estruturantes. Tirando o tapa-buraco, há poucas obras. Acabou a bravata, acabou o tirar coelho da cartola, a eleição do PT desmistificou muita coisa."

Alckmin disse que "a questão da ética é excludente, mas o grande desafio se chama crescimento econômico, fazendo reformas, agindo com seriedade". Segundo ele, o Estado moderno exige qualidade do gasto público. "Estamos vivendo num círculo vicioso. Tem uma taxa de juros absurda, a dívida chegando a R$ 1 trilhão, um superávit primário que exigiu ainda aumento de carga tributária, que cresceu 1,2%, as reformas que não andaram. Até quando isso vai?"

Alckmin não quis comentar, no entanto, a conduta de Serra, que inaugura obras em clima de campanha eleitoral. "Não tenho nenhum comentário a esse respeito."