Título: Iedi vê 'ânimo de barata' no setor
Autor: Nilson Brandão Junior
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/02/2006, Economia & Negócios, p. B4

Para economistas de entidades ligadas ao setor industrial, as expectativas dos empresários confirmam que o primeiro trimestre do ano será fraco em atividade econômica. Paulo Mol, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), disse que a instituição trabalha com a perspectiva de um primeiro trimestre bastante moderado para o setor.

Julio Sergio Gomes de Almeida, diretor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), avalia que os dados da sondagem conjuntural da Fundação Getúlio Vargas mostram "um ânimo de barata, sem entusiasmo" dos empresários, por causa da persistência de problemas como carga tributária elevada, juros altos e valorização do real.

Mol acredita que "o primeiro trimestre será desaquecido, porque a prioridade dos empresários não é produzir, mas reduzir estoques". O economista adianta que o ajuste de estoques, que foi intenso no final do quarto trimestre, ainda não terminou. Segundo ele, a intensidade do ajuste de estoques no final do ano passado será confirmada pelos dados da produção industrial de dezembro a serem divulgados na semana que vem pelo IBGE, mas as sondagens industriais recentes mostram que o movimento persiste em janeiro.

O economista da CNI observa que os empresários começaram 2006 menos otimistas do que estavam no primeiro mês de anos anteriores. Para ele, esse otimismo menor reflete o ano de 2005, marcado por um cenário de acomodação e arrefecimento da atividade industrial. "A perspectiva para o futuro acaba influenciada por essa situação do passado", comenta. Para ele, as expectativas dos empresários da indústria estão influenciadas especialmente por três fatores: carga tributária elevada; juros altos, ainda que em trajetória de queda; e especialmente a valorização cambial que afeta as grandes empresas.