Título: Atividade industrial cresce só 1,8% em 2005
Autor: Nilson Brandão Junior
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/02/2006, Economia & Negócios, p. B4

O Indicador de Nível de Atividade (INA), que mede o desempenho da indústria paulista, fechou 2005 com crescimento de 1,8% em relação ao ano anterior. O número foi bem inferior ao de 2004, quando a expansão chegou a 9,2%.

De acordo com a Federação e o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp), o INA apresentou crescimento de 1,4% em dezembro, na comparação com novembro, já descontados as diferenças sazonais entre os dois períodos. Sem esse ajuste, o resultado passa a indicar queda de 5,5%.

"O ano passado foi medíocre para a indústria",diz Boris Tabacof, diretor do Departamento de Economia do Ciesp. Seguindo ele, o setor perdeu oportunidades de apresentar um crescimento significativo, por causa dos efeitos das altas taxas de juros e do câmbio desfavorável às exportações.

Lembrando que a inflação está sob controle e os preços administrados, que foram os vilões da inflação no ano passado, não têm previsão de alta exagerada em 2005, Tabacof ressaltou que não há justificativa para o juro real continuar acima de 10%, condenando o País a crescer de forma irrisória.

"Os últimos dois meses do ano indicaram uma recuperação do desaquecimento verificado em outubro", observa Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp. "Mas isso não significa, necessariamente, que estamos passando por um novo ciclo de crescimento, e sim por um ajuste de estoques que ficaram encalhados na indústria em outubro."

Apesar da forte desaceleração, praticamente todos os fatores que compõem o indicador apresentaram resultados bastante positivos na comparação com 2004. As horas trabalhadas na produção, por exemplo, apresentaram alta de 7,6%. As vendas reais deram um salto de 19,8%, enquanto o total de horas pagas aumentou 5,3% e os salários reais subiram 11,3%.

Entre as explicações para a discrepância entre esses números e o INA , Francini e Tabacof citaram a queda do nível de utilização da capacidade instalada das fábricas, de 79,7%, em 2004, para 78,5%, no ano passado.

Para Francini, há outros fatores que justificam a discrepância entre os números. "O INA é um mensurador de tendências, que não serve para medir a evolução da produção física da indústria."

O levantamento mostrou que o setor com melhor desempenho em 2005 foi o de minerais não metálicos (12,66%),e o pior o de alimentos e bebidas (-9,9%).