Título: 'Será interessante para todos'
Autor: Vânia Cristino
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/02/2006, Economia & Negócios, p. B6

O possível aumento da participação estrangeira no capital do BB foi bem avaliado pelo presidente da Austin Rating, Erivelto Rodrigues. "Acredito que será um negócio interessante para os bancos estrangeiros e para o próprio BB", disse. Segundo Rodrigues, não faltarão interessados em participar da operação. "Os grandes players internacionais como o Citibank, o Bank of America, o HSBC e o ABN Amro poderão aparecer entre os interessados em participar do capital do BB."

Para Rodrigues, a participação no capital do BB seria a grande oportunidade de essas instituições elevarem suas fatias do mercado de varejo no Brasil. Os níveis de ganhos mais elevados no mercado brasileiro seriam, na opinião do presidente da Austin, outro atrativo importante. "Os níveis de retorno no Brasil ainda são mais altos que os observados em outros países", comentou.

O BB, segundo Rodrigues, ganharia com a operação por exigir um aumento do grau de transparência da instituição. "Isso seria bom para o banco e para o mercado como um todo."

A expectativa de Rodrigues é de que a participação dos estrangeiros venha acompanhada por um ingresso do BB no novo mercado da Bovespa. "No novo mercado, o grau de exigência de governança corporativa é maior e o banco terá que se adequar a essas regras de mais elevada transparência."

Na opinião de Rodrigues, o BB ainda tem espaço para crescer mais nos próximos anos. No ano passado, o banco teve um lucro estimado pela Austin Asis em cerca de R$ 4,8 bilhões e rentabilidade de 27%. "Para este ano, trabalhamos com a possibilidade do lucro do banco ficar em cerca de R$ 5 bilhões." A rentabilidade teria uma pequena redução e ficaria em cerca de 26,27% neste ano.

FHC

Em 2002, em pleno ano eleitoral e já com o Banco do Brasil apresentando lucros sucessivos, o Tesouro Nacional tentou vender parte das ações em seu poder que excediam ao necessário para manter o controle sobre a instituição. Naquela época, o Tesouro ofertou um lote de 132,33 bilhões de ações ordinárias nominativas, correspondentes a 17,8% do capital total da empresa. Com a venda, a participação do Tesouro no banco, que tinha sido inflada com a capitalização ocorrida em 1996, cairia para 60,9%.

A operação, porém, acabou fracassando. Apesar de bem recebida por pessoas físicas, ela não encontrou o respaldo esperado dos investidores institucionais. Sem alcançar o preço e o volume pretendidos, o Tesouro Nacional optou por não fechar a venda. Na época, muitos consideraram que o momento político não era o adequado por se tratar, justamente, de um ano de eleição. Agora a história se repete, com o governo Lula tentando "democratizar" a participação no banco.