Título: Fabricantes se unem pelo sistema europeu
Autor: Renato Cruz
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/01/2006, Economia & Negócios, p. B10

Estratégia deu certo na definição do sistema GSM de telefonia celular para o Brasil

"Nós temos uma grande preocupação quanto ao processo de escolha do padrão de TV digital no Brasil", afirmou Marcos Magalhães, presidente da Philips para a América Latina. "Não estamos vendo caminhar na direção correta e não estamos vendo transparência no processo. É preciso que mude de rumo e que todas as forças sejam ouvidas equanimemente."

Para promover a tecnologia européia, a Philips, a Nokia, a Siemens, a STMicroelectronics, a Rohde&Schwarz e a a Thales criaram a Coalizão DVB Brasil - Sistema Brasileiro, Padrão Mundial. Os representantes da coalizão já se reuniram com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef. "Precisamos de mais tempo para a decisão", afirmou Aluizio Byrro, vice-presidente da Siemens Brasil. "Não podemos opinar sobre o que não conhecemos", completou, referindo-se ao relatório do CPqD que vai servir de base para a opção do governo.

Reuniões do CPqD com a Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros) foram desmarcadas, por ordem do governo. No site do Sistema Brasileiro de Televisão Digital (SBTVD), gerido pelo CPqD, há um comunicado: "Por determinação do Sr. Ministro das Comunicações, Hélio Costa, (...) fica estabelecido que toda e qualquer informação a respeito do andamento do projeto SBTVD e seus resultados deverá ser solicitada diretamente ao Minicom".

As emissoras de televisão pretendem segurar a concorrência das operadoras de telecomunicações com o sistema japonês ISDB. "Se a estratégia do País é favorecer os radiodifusores, isso pode ser feito pela regulamentação", afirmou Fernando Terni, presidente da Nokia Brasil. "Se isso acontecer pela tecnologia, como está sendo proposto, o setor fica engessado para o resto da vida."

As empresas querem repetir o sucesso da estratégia usada para trazer ao Brasil o GSM, tecnologia celular européia, em 2000. Os fabricantes conseguiram convencer a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) a escolher a faixa de 1,8 GHz, que só comporta o GSM, para novas licenças. O GSM respondia, em dezembro de 2005, por 51,8% dos 86,2 milhões de telefones móveis no País.