Título: Trabalho duro no Japão, renda garantida na volta
Autor: Mariana Barbosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/01/2006, Economia & Negócios, p. B9

Com renda média de US$ 3 mil, os brasileiros que vivem no Japão são os que ganham mais e também os que mais trabalham na comparação com os que foram para outros países. Sem perspectivas de emprego no Brasil, Carlos Alberto Fratucci e Meire Akemi Agena saíram do Brasil há 11 anos, recém-casados e com apenas o colegial no currículo.

"Não tínhamos perspectiva de emprego", diz ele, que saiu do País com vaga acertada para carregar cimento na construção civil. Já Meire foi parar na linha de montagem da Suzuki.

A jornada de 12 horas de segunda à sexta-feira e de 9 horas aos sábados permitiu ao casal viver confortavelmente e criar três filhos nascidos no Japão. "Não dava para ficar viajando toda hora, mas a gente tinha casa, carro e até comia bastante fora. Vivíamos bem", lembra Meire. "O trabalho era duro, mas a vida era boa, regrada, as crianças iam para a escola sozinhas. Tudo é muito arrumado e seguro", completa Fratucci.

Assim como a maioria dos dekasseguis, o casal juntou dinheiro para adquirir imóveis no Brasil. Nesses 11 anos, compraram 5 casas e um terreno. "Como nós dois trabalhávamos e não sobrava muito tempo para gastar, conseguíamos juntar entre US$ 1,5 mil e US$ 2 mil por mês", diz Fratucci.

Agora, o casal quer montar um negócio, mas ainda não decidiu o ramo. Se não der certo, não tem dúvida: a gente volta. "Quando morava lá, a gente vivia pensando no Brasil. Agora, começa a ter saudade de lá."

DÍVIDAS

Para Cizina Silva Sasaki e o marido, o trabalho duro no Japão foi a saída encontrada para pagar dívidas. "Lá, a gente trabalha como peão mesmo", diz ela. "Eu me segurava ao máximo para juntar dinheiro." Além de se livrar das dívidas, em seis anos o casal conseguiu comprar três casas e ainda ajudou nos problemas de saúde de familiares. "Faria de novo, o Japão é lindo. Mas a liberdade de expressão que temos aqui no Brasil é tudo."