Título: Presidente do STF barra nova quebra de sigilo
Autor: Tânia Monteiro e Mariângela Gallucci
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/02/2006, Nacional, p. A4

Pela segunda vez em 10 dias, o presidente do STF, Nelson Jobim, deu liminar ao empresário Roberto Carlos Kurzweil para impedir a quebra de seu sigilo bancário, fiscal e telefônico pela CPI dos Bingos. Como a CPI só soube da decisão ontem, embora ela seja de terça-feira, não houve tempo de desmarcar o depoimento de Kurzweil. Ele chegou ao Senado com quatro advogados. Diante da impossibilidade de usar seus dados sigilosos, o presidente da CPI, Efraim Morais (PFL-PB), adiou a convocação para a próxima terça-feira.

No mesmo dia, às 9 horas, ele e o relator da CPI, Garibaldi Alves (PMDB-RN), vão levar a Jobim documentos provando a ligação de Kurzweil com jogos. Também entregarão cópia do depoimento à CPI em que Rogério Buratti, assessor do hoje ministro Antonio Palocci na prefeitura de Ribeirão Preto - aponta o empresário como intermediário de R$ 1 milhão que teria sido doado por bingueiros para a campanha de Lula em 2002.

Kurzweil é dono da locadora que cedeu o Ômega que teria transportado de Campinas para São Paulo os US$ 3 milhões supostamente doados por Cuba para a campanha de Lula. Também é dono do Ômega preto blindado usado pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares.

Na liminar do dia 20, Jobim alegou que agia para "preservar o direito à intimidade e a garantia da inviolabilidade de dados" de Kurzweil. Na segunda, afirmou que o pedido de quebra de sigilo "traz os mesmos subsídios da fundamentação do anterior". Mas esse pedido é mais extenso e vai a fundo nas suspeitas contra o empresário.

A CPI também adiou para terça-feira a nova quebra do sigilo do presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Paulo Okamotto. E deixou para a próxima semana o depoimento dos empresários de jogos Messias Antônio Ribeiro Neto e Carlos Roberto Martins.