Título: Para tucanos, caso lembra Cayman
Autor: Vannildo Mendes
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/02/2006, Nacional, p. A10

O prefeito José Serra e o governador Geraldo Alckmin, ambos do PSDB paulista, lembraram o chamado dossiê Cayman ao falarem sobre sua inclusão na lista de políticos que teriam sido beneficiados com recursos de caixa 2 doados por empresas. O ministro Hélio Costa (PMDB-MG) disse que renuncia ao mandato de senador se houver documento que prove seu envolvimento. "Isto é mais falso que o dossiê Cayman", afirmou Serra, referindo-se ao conjunto de documentos falsos, divulgados em 1998, que apontavam o próprio prefeito, o então presidente Fernando Henrique Cardoso e o falecido governador Mario Covas como sócios de uma empresa no paraíso fiscal das Ilhas Cayman. Alckmin chamou a lista de "falsificação grosseira" e prometeu tomar medidas judiciais. "É totalmente irresponsável. Isso aí lembra Ilhas Cayman", afirmou. "Vamos agir duro no sentido de coibir esse tipo de coisa. Não tem a menor procedência." "Se alguém tiver qualquer documento que prove que eu recebi qualquer dinheiro de Furnas como caixa 2, eu renuncio a meu mandato", afirmou Costa, em entrevista no Palácio do Planalto. O dossiê Cayman começou a tumultuar as eleições de 1998 em setembro. Serra e Covas receberam bilhetes de um chantagista que ameaçava vender a papelada - cópias de supostos faxes e extratos bancários - a rivais. O dossiê acabou nas mãos de Paulo Maluf, então candidato ao governo, que contatou o candidato a presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula consultou o hoje ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, que concluiu que faltavam provas de autenticidade. A Polícia Federal abriu inquérito e a análise de peritos provou que eram papéis forjados. Depois de dois anos de investigações internacionais e ajuda do FBI, em junho de 2001 a PF confirmou que o dossiê era uma falsificação e indiciou oito pessoas.