Título: Em SP, uma corrida de investimentos
Autor: Ana Paula Scinocca
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/01/2006, Nacional, p. A5

Na luta pela candidatura tucana à Presidência, Alckmin e Serra também anunciam "pacotes de bondades"

O aumento de recursos para investimentos em 2006 não é exclusividade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Pré-candidatos a presidente pelo PSDB, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o prefeito da capital, José Serra, também anunciaram, nos últimos dias, seus respectivos "pacotes de bondades".

No caso da Prefeitura de São Paulo, a previsão de investimentos neste ano é 57,75% superior ao que fora programado para o ano passado, primeiro ano de Serra à frente da maior cidade do País. Segundo dados disponibilizados pelo Sistema de Execução Orçamentária (NovoSeo), mais de R$ 3, 2 bilhões devem ser aplicados ao longo do ano. Em 2005, a previsão de investimentos era de pouco mais de R$ 2 bilhões, mas o ano terminou com o empenho de apenas R$ 611 milhões.

Vários dos projetos de apelo popular em andamento na gestão de Serra, como o recapeamento asfáltico de ruas em diferentes regiões da cidade, devem ser ampliados. Em 2005, a gestão tucana na capital recapeou 87 quilômetros de vias. Para este ano, a meta é recuperar outros 130 quilômetros.

BILHETE ÚNICO

Na área dos transportes, a previsão é que a integração total do bilhete único seja concluída até maio. Isso o prefeito poderá ter de deixar para seu vice, o pefelista Gilberto Kassab, caso realmente seja escolhido como candidato do PSDB para disputar a cadeira hoje ocupada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Se Serra entrar na corrida eleitoral para disputar o Planalto, terá de renunciar ao cargo até o início de abril.

A própria Secretaria de Governo da Prefeitura confirma o incremento de investimentos em 2006. Um dos motivos alegados pela administração municipal é o superávit de R$ 445,6 milhões. "O superávit é mais um recurso que pode ser usado no ano eleitoral", afirma o vereador Paulo Fiorilo (PT). Segundo levantamento feito pelo gabinete do petista, a sobra no caixa da Prefeitura pode ter sido ainda maior. "O governo fala em pouco mais de R$ 400 milhões, mas nós levantamos que é quase o dobro disso. Tudo conseguido graças à suspensão de pagamentos, ao congelamento da receita e à diminuição de manutenção em aparelhos do município", critica Fiorilo.

MATURAÇÃO

No caso do governo do Estado, também haverá incremento de investimentos no último ano da gestão Alckmin. Enquanto em 2005 foram destinados R$ 7,6 bilhões em investimentos, segundo dados da Secretaria da Casa Civil, para este ano a previsão é de R$ 9,1 bilhões.

Homem forte de Alckmin, o secretário Arnaldo Madeira nega que o incremento de investimentos e a entrega de obras este ano tenha qualquer ligação com a eleição. "As obras têm tempo de maturação. Se a gente fosse pensar apenas em fazer o que daria para entregar, não começaríamos obras como a linha 4 do metrô", argumentou, lembrando que a previsão de término é 2008. "Esse discurso de que o que fazemos aqui é eleitoreiro é pura bobagem", acrescentou o secretário da Casa Civil.

Reafirmando que todos os projetos do governo tucano no Estado foram pensados ao longo dos quatro anos da gestão, Madeira alfineta o governo federal. "Não somos nós que fizemos tapa-buraco de emergência no último ano de governo."