Título: Na vitrine de Garotinho, fantasma de crise
Autor: Marcelo de Moraes
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/01/2006, Nacional, p. A4

Parcela para investimento caiu de 8,31% em 2005 para 6,08% em 2006

O governo fluminense, principal base da pré-candidatura do ex-governador Anthony Garotinho (PMDB) à Presidência, vai enfrentar o ano eleitoral de 2006 sem muita margem para bondades. Apesar do aumento de 8,45% no Orçamento, a parcela para investimentos caiu de 8,31% em 2005 para 6,08% em 2006. Os números reavivam o medo de uma crise como a de 2002, quando a governadora Benedita da Silva (PT) assumiu, e Garotinho foi acusado de quebrar o Rio.

O pacote de obras que a governadora Rosinha Garotinho (PMDB) vai inaugurar é extenso. Inclui iniciativas como o Emissário Submarino da Barra da Tijuca; a expansão do Metrô até Cantagalo, em Ipanema; o Batalhão da PM da Barra da Tijuca; a reforma do complexo do Maracanã; cinco farmácias populares e três restaurantes populares; a adutora da Baixada Fluminense; o Centro de Controle e Comando da Secretaria de Segurança;13 novas delegacias legais; a ponte sobre o Rio Paraíba em Campos; a duplicação da RJ-140 (São Pedro d'Aldeia-Cabo Frio) mais a revitalização da Lagoa de Araruama; a recuperação da RJ-142 (Casemiro de Abreu/Noa Friburgo); ampliação da Estação de Tratamento de Esgotos de Alegria; os hospitais de Nilópolis e São João de Meriti, entre outros. Na oposição, contudo, critica-se a situação financeira do Rio.

Na crise de 2002, depois que Garotinho renunciou para disputar a Presidência, o PT o acusou de ter comprometido todo o Orçamento disponível para o ano. O grupo de transição de governo afirmou que o Estado fecharia o ano com um déficit de R$ 2 bilhões. Benedita passou o governo a Rosinha em 2003 devendo o 13º salário e uma parcela da dívida com a União. Agora, o recuo nos investimentos poderia atingir dois pontos do discurso de Garotinho: o "desenvolvimentismo", materializado em obras públicas, e alguns programas sociais. Isso poderia se transformar em problema na campanha.

NORMAL

A Secretaria de Controle e Gestão nega oficialmente que haja possibilidade de repetição da crise de 2002. " O Estado está com suas contas equilibradas e salários dos servidores pagos em dia", informou o secretário, Flávio Silveira, em resposta escrita enviada pelo Palácio Guanabara. Segundo ele, a redução dos investimentos do Orçamento será de 14%, "perfeitamente normal tratando-se de último ano de governo". Ele explicou ainda que as estatais investirão menos por causa do fim de contratos de financiamento, como o do Programa de Despoluição da Baía de Guanabara, por exemplo.

Segundo o secretário de Finanças, Luiz Barbosa, uma dívida de R$ 2 bilhões foi herdada da administração Benedita, mas em 2003 e 2004 as contas fecharam com superávit. As dívidas inscritas em restos a pagar (de anos anteriores) estão sendo reduzidas, garantiu.