Título: Serra acusa governo de ser messiânico e agir com 'populismo vulgar'
Autor: Fausto Macedo e Rodrigo Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/02/2006, Nacional, p. A10

Diante de 300 desembargadores, e ao lado do governador Geraldo Alckmin (PSDB), o prefeito José Serra (PSDB) adotou ontem discurso de candidato, dirigiu críticas incisivas ao governo Lula, pregou o fim do messianismo e do "populismo vulgar" e defendeu um Judiciário forte, independente. Ao falar de criminalidade e crescimento, na posse do novo presidente do Tribunal de Justiça do Estado, Celso Limongi, Serra foi categórico: "O crescimento econômico, e a conseqüente geração de empregos e de renda, é um dos melhores antídotos para a criminalidade comum."

Serra advertiu para que ninguém tenha ilusões. "Sem desenvolvimento substancial, sustentado e contínuo não se promove as melhores condições de vida para as camadas mais pobres da população, que não deve ter como única expectativa políticas assistencialistas, que são necessárias, que rendem votos, mas não geram dignidade nem consenso social mínimo que assegure confiança no regime democrático."

Ele acentuou que o País já passou "pelas mais variadas experiências, do mercantilismo até o populismo vulgar". Subiu o tom: "Está mais do que na hora de investirmos na racionalidade, em vez do messianismo, no trabalho com planejamento e persistência, em vez da improvisação que só gera bravatas e imprevidência, na educação como aprimoramento do indivíduo, indispensável para a superação do atraso e a desigualdade social, na cultura para preservamos valores e incentivarmos a curiosidade ao invés da exaltação da ignorância, como tem acontecido em nosso país."

Puxou o Judiciário para o seu lado, ao sair em defesa do poder que tem sido fustigado por Lula. "Nenhum país desenvolvido se construiu solidamente sem um Judiciário forte, cujas decisões fossem rápidas, acatadas e prestigiadas pelos outros Poderes. É o que o capital internacional chama marcos jurídicos e institucionais adequados. Não se constrói uma nação organizada quando se permite que a informalidade e o desrespeito às normas passe a ser o caminho alternativo mais viável para fortuna fácil."

Ao despedir-se dos magistrados, enfatizou: "Desejo a todos um ano em que a probidade vença a desonestidade."