Título: CPI pode ter dados de contas de Duda
Autor: Paulo Sotero
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/02/2006, Nacional, p. A15

Os parlamentares da CPI dos Correios que visitam os Estados Unidos encontraram ontem em Washington uma mina potencialmente rica em informações relevantes sobre a origem e os montantes de depósitos bancários feitos em contas no exterior dos publicitários Duda Mendonça, Marcos Valério e de seus parentes e associados. Trata-se da Rede de Combate a Crimes Financeiros (FinCen), uma agência do Departamento do Tesouro dos EUA com funções semelhantes ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

O FinCen e o Coaf já trocam regularmente informações sobre transações suspeitas como membros do Grupo de Ação Financeira Internacional sobre Lavagem de Dinheiro(Gafi), criado em 1989 pelo G-7 para combater crimes financeiros internacionais. O Brasil integra o Gafi desde 2000.

Depois de uma visita de mais de uma hora à sede do FinCen, os deputados Osmar Serraglio (PMDB-PR), Eduardo Paes (PSDB-RJ) e Maurício Rands (PT-PE) mostraram-se animados com a possibilidade de a CPI obter - talvez já na próxima semana - informações que o Coaf já havia solicitado e várias outras pedidas ontem. Segundo Serraglio, relator da CPI, estas envolvem "Duda Mendonça, o entorno de Duda, a Zilmar (sócia), a mulher e os filhos de Duda Mendonça e Marcos Valério".

De acordo Serraglio, o subdiretor do FinCen, que recebeu a delegação brasileira (por razões de segurança, o FinCen só divulga publicamente o nome de seu diretor), "pediu desculpas" pela demora em atender às solicitações de informações feita seis meses atrás pelo Coaf. Ele prometeu enviá-las prontamente a Brasília, juntamente com os novos dados que constam de uma lista que os deputados entregaram ontem.

"Creio que faltou uma atenção mais detida e, agora que lhes explicamos o trabalho da CPI e nossas razões para ter acesso a esses dados, eles se mostraram prontos a cooperar", disse Paes.

Os órgãos de controle dos países membros do Gafi registram todas as transações financeiras acima de US$ 10 mil e outras que caem em sua rede computadorizada de coleta de dados sobre operações suspeitas.

Segundo Paes, as informações do FinCen não estão protegidas pelas leis de segredo bancário. "Nós as receberemos tão logo elas chegarem ao Coaf", disse Serraglio. Se o encontro de ontem resultar, de fato, na entrega das informações que os deputados pediram ao FinCen, a missão nos EUA será bem-sucedida. Isso, independentemente do desfecho das gestões que eles estão fazendo junto ao Ministério Público e à Justiça de Nova York, bem como ao Departamento de Justiça, para ter acesso a dados sobre a conta Dusseldorf de Duda, no BankBoston em Miami.