Título: Brasil dobra exportações e antecipa meta em 11 meses
Autor: Renata Veríssimo
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/02/2006, Economia & Negócios, p. B6

Com 11 meses de antecedência, o governo Lula alcançou em janeiro o objetivo de dobrar as exportações brasileiras em quatro anos. As vendas externas somaram US$ 120,135 bilhões em 12 meses encerrados em janeiro. O valor é 22,4% acima do registrado no período anterior (fevereiro de 2004 a janeiro de 2005). No fim de 2002, último ano do governo Fernando Henrique, as exportações totalizaram US$ 60,4 bilhões.

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior estava tão confiante que os US$ 120 bilhões seriam alcançados que já estabeleceu objetivo mais ambicioso para este ano. Agora, a previsão é de US$ 132 bilhões. "Estamos nos tornando gente grande no comércio exterior", comemorou o secretário de Comércio Exterior, Armando Meziat.

Ele enfatizou que, para o País dobrar as exportações, houve especial contribuição das vendas externas de produtos manufaturados. Pelas previsões de Meziat, em dois ou três meses a corrente de comércio - soma das exportações e das importações - deverá superar os US$ 200 bilhões. Nos 12 meses encerrados em janeiro, o fluxo foi recorde e totalizou US$ 194,856 bilhões. As importações somaram em 12 meses US$ 74,721 bilhões, 17% sobre o mesmo período anterior, e o saldo comercial acumulado em 12 meses é de US$ 45,414 bilhões.

Os resultados da balança comercial em janeiro surpreenderam positivamente o governo, segundo Meziat. Todos os indicadores foram recordes para o mês de janeiro. O superávit foi de US$ 2,844 bilhões, resultado de exportações de US$ 9,271 bilhões e importações de US$ 6,427 bilhões. A média diária das vendas externas em janeiro deste ano subiu 18,9% na comparação com janeiro de 2005, e a média das importações, 16,7%.

"O comércio exterior brasileiro continua mostrando vigor, o que nos dá a esperança de que a meta de US$ 132 bilhões para as exportações este ano será alcançada", afirmou Meziat. As exportações bateram recordes para janeiro nas três categorias de produtos. Os destaques são os produtos básicos, que cresceram 47,8% em relação ao mesmo período de 2005. As vendas de petróleo cresceram 223,1% em relação a janeiro de 2005 e as de soja em grão, 121,9%.

Meziat explicou que o aumento da produção brasileira de petróleo tem elavado as exportações do setor. Houve aumento de 111% no volume exportado e de 60% nos preços internacionais do petróleo, na comparação com janeiro de 2005. Ele acredita que as exportações de petróleo e derivados, em 2006, serão maiores que as de 2005, que somaram US$ 4,2 bilhões.

Cauteloso em relação à discussão sobre a taxa de câmbio, Meziat disse que esse é apenas um dos fatores que atuam sobre o comércio exterior. Segundo ele, há esforços das empresas para reduzir os custos, melhorar a competitividade, além do comportamento favorável dos preços internacionais das commodities.

"Não podemos ficar com essa idéia fixa de que o câmbio vai estragar o comércio exterior", afirmou. "A maioria dos setores tem respondido positivamente." No entanto, o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, tem repetido sempre o ditado "dia de muito é véspera de pouco", alertando para o risco de o real valorizado afetar o ritmo de crescimento das exportações.