Título: 'Flexibilidade é boa alternativa'
Autor: Marina Faleiros
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/02/2006, Economia & Negócios, p. B18

Para Maria Nuria Chinchilla, professora do departamento de Comportamento Humano do IESE, escola espanhola de Negócios, as empresas deveriam apostar cada vez mais numa "responsabilidade familiar". "Há 50 anos ouve-se falar que as fábricas contaminam rios e cortam árvores, mas não se fala que o excesso de trabalho também destrói a ecologia humana", afirma.

Maria Nuria, que estará no Brasil entre os dias 14 e 15 de fevereiro em razão do encontro Ambição Feminina, é especialista no assunto e tem três livros sobre mulheres no trabalho. "O ideal seria as mulheres poderem escolher a hora de entrar e sair do serviço, trabalhar em casa e serem avaliadas por performance, e não presença, pois o equilíbrio é ideal para ter funcionários mais completos e produtivos."

De acordo com ela, a atual falta de flexibilidade é uma ameaça ao futuro, não só por causa das taxas de natalidade cada vez menores, mas também pelo modo que as novas gerações têm sido criadas. Com menos convívio familiar, os filhos acabam sendo mimados com presentes e muitas vezes se isolam em tecnologias, como a internet: "Isso cria uma geração pouco sociável e egoísta, com jovens materialistas e pouco capazes de se comprometer. E serão eles os nossos líderes de amanhã", diz.

Na Espanha, ela conta que até já existem certificados de empresas familiarmente responsáveis, e em países como a Alemanha companhias com comprometimento neste sentido recebem vantagens em concorrências públicas. "Para que isso se amplie em outros países é preciso o apoio da administração pública."

Segundo Maria Nuria, avanços para as mulheres já foram conquistados em países nórdicos, como a Noruega, em que as empresas são obrigadas a ter 40% de mulheres em seus conselhos de administração. "Mas o ideal seria incentivar isso, não obrigar com sanções."