Título: TAP assumiu dívida de US$ 100 mi da VEM
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/02/2006, Economia & Negócios, p. B11

A estatal portuguesa de aviação TAP assumiu uma dívida de US$ 100 milhões ao comprar a Varig Engenharia e Manutenção (VEM). A informação veio à tona ontem, durante apresentação da nova direção da companhia. O presidente do conselho de administração da VEM, o português Jorge Sobral, afirmou que ainda está em estudo a forma como o débito será equacionado.

A TAP comprou a VEM em dezembro por meio de sua subsidiária brasileira Aero-LB, pagando US$ 24 milhões. O presidente-executivo da VEM, Evandro Oliveira, diz que Varig deixou uma dívida de R$ 108 milhões por serviços de manutenção prestados e não pagos. Ele acredita que o débito seja quitado durante o processo de recuperação judicial.

A VEM quer reduzir sua dependência da Varig, que no ano passado respondeu por 66% do faturamento de US$ 186 milhões. A meta é diminuir a participação para menos de 50% em 2010. Mesmo assim, como a ex-controladora manterá grande contribuição na receita, ela terá "condições especiais" de preços. Tanto Oliveira quanto Sobral, no entanto, enfatizam que se trata de uma relação comercial, na qual os clientes que têm a maior demanda são beneficiados.

"O contrato de venda para a TAP contempla uma cláusula que prevê a assinatura de um novo contrato entre a VEM e a Varig, sob novas bases. A Varig, em função do volume, terá preços melhores e será um cliente como qualquer outro", diz Oliveira. Projeção realizada pela direção da empresa indica que o crescimento do faturamento com terceiros clientes, menos a Varig, que em 2005 foi de US$ 60 milhões, será de 8,3% ao ano até 2010, quando chegará a US$ 91 milhões.

CREDORES

Os maiores credores da Varig ratificaram ontem, em reunião com presença das estatais BR Distribuidora, Infraero e Banco do Brasil, seu desinteresse em participar do principal meio de reestruturação da empresa, o Fundo de Investimentos em Participações (FIP) controle, estrutura que vai abrigar ações das empresas em recuperação judicial (Varig, Rio Sul e Nordeste). Segundo um representante de um credor, somente o Trabalhadores do Grupo Varig (TGV) já manifestou interesse em converter créditos em ações, o que lhe daria direito a administrar o FIP controle.

Os credores querem nomear um banco ou gestor de recursos para administrar o FIP controle. O coordenador do TGV, Marcio Marsillac, diz que não é pretensão dos funcionários gerir essa estrutura, que deveria ser entregue a uma instituição financeira, conforme previsto no plano de reestruturação.