Título: Vai uma soneca antes do próximo avião?
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/02/2006, Economia & Negócios, p. B11

No aeroporto de Curitiba, empresário oferece quartos para o descanso dos passageiros em trânsito

O desconforto de dormir sentado no banco de aeroporto até chegar o horário do próximo vôo está com os dias contados. Ao menos no aeroporto Afonso Pena, de Curitiba (PR). Desde novembro do ano passado funciona no terminal uma sala de descanso e repouso rápido.

Numa área de menos de 3 metros quadrados, há uma cama, um guarda-malas e uma mesa de cabeceira com telefone, TV e acesso à internet. O preço para desfrutar deste conforto é de R$ 20 para as duas primeiras horas e R$ 10, para cada hora seguinte. Se a necessidade for de apenas um banho, o viajante também pode ser atendido. Por R$ 15, ele pode tomar uma ducha e, desembolsando R$ 2, compra um kit com toalha, sabonete e xampu.

"A aceitação está sendo muito boa", afirma Walter Castro, sócio-diretor da Fast Sleep, empresa idealizada por ele para atender a esse mercado. A idéia de montar salas de descanso rápido em aeroportos nasceu há um ano, quando o empresário, que atuava na época no setor de móveis e decorações, viajou a São Paulo para uma feira e ficou 12 horas no aeroporto esperando o vôo.

"Vi gente dormindo no chão. É horrível, não há o que fazer durante o período de espera. Eu queria tomar banho e não havia este tipo de serviço", afirma Castro. O que parecia um aborrecimento foi se transformando aos poucos numa oportunidade de um novo negócio.

Castro chegou à conclusão que havia uma demanda potencial enorme por este tipo de serviço e decidiu formalizar o projeto. Vendeu a loja e a fábrica de móveis que tinha e aplicou os recursos numa nova empresa especializada em salas de descanso rápido em aeroportos.

Depois de obter autorização da Infraero para montar a primeira sala numa área de 100 metros quadrados no aeroporto de Curitiba, ele se prepara agora para ter projetos semelhantes em seis aeroportos brasileiros até o fim deste ano.

O primeiro da lista é o aeroporto Internacional de Guarulhos (SP). "Estamos aguardando o resultado da licitação de uma área de 735 metros quadrados, onde serão colocadas 68 camas", conta Castro. Os aeroportos de Salvador, Belo Horizonte, Belém, Manaus e Porto Alegre também são alvos do novo empreendimento.

O total investido nas sete salas de descanso rápido soma R$ 4,5 milhões, e a expectativa é de que o investimento se pague em seis anos. Castro conta que, inicialmente, estava sozinho no empreendimento, mas agora entrou como sócio um grupo de investidores nacionais.

Segundo ele, não existe nada desse tipo em nenhum lugar do mundo. "Só em Cingapura há uns gavetões, mas dizem que são muito desconfortáveis", observa.

A idéia já faz tanto sucesso que Castro recebeu propostas de investidores estrangeiros para abrir salas de descanso rápido nos aeroportos de Frankfurt, na Alemanha, e de Madri, na Espanha. Animado com o sucesso do empreendimento, por enquanto Castro optou por ficar só no Brasil.