Título: Bolsa cai 3,07% com cenário externo e realização de lucros
Autor: Mario Rocha
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/02/2006, Economia & Negócios, p. B5

Movimento era esperado, mas reação a dados de produtividade nos EUA acentuou tendência

Depois de acumular alta de 15,03% no ano e de ensaiar uma realização de lucros mais pesada nos últimos dias, o Ibovespa teve forte queda de 3,07%, com giro financeiro de R$ 2,576 bilhões. O mau desempenho das Bolsas americanas contribuiu para impulsionar as vendas de ações - o Índice Dow Jones caiu 0,93%, o S&P' 500 0,91%, e a Nasdaq, 1,25%.

Com isso, a Bovespa passa a acumular queda de 2,81% em fevereiro e alta de 11,50% em 2006. A realização de lucros começou de manhã, com o investidor queimando a gordura acumulada este ano. Logo depois, as Bolsas americanas começaram a recuar com a queda inesperada de 0,6% da produtividade no quarto trimestre de 2005, após uma alta de 4,5% no terceiro trimestre.

A produtividade menor pode indicar um ambiente melhor no mercado de trabalho, com novas contratações. Mas pode também provocar impacto nas margens de lucro das empresas e desencadear inflação por causa das contratações novas. No quarto trimestre, o custo da mão-de-obra nos EUA subiu 3,5%, a maior alta desde o quarto trimestre de 2004.

À tarde, no entanto, a Bovespa acentuou o movimento de realização de lucros. Há dias o mercado de ações vinha ensaiando um movimento mais forte de realização, mas acabava sucumbindo ao fluxo de capital, principalmente o estrangeiro.

Os principais índices de ações do mercado americano aceleraram as perdas em reação a especulações de que o Departamento de Segurança Doméstica iria emitir um alerta de terrorismo. Embora o governo americano tivesse desmentido o boato, o mercado acionário não conseguiu recuperar as perdas, mesmo com a acentuada queda do petróleo futuro.

INCERTEZAS

Em Nova York, analistas disseram que os investidores estão cada vez mais nervosos em muitas frentes, com temores de desaceleração dos lucros corporativos e do mercado imobiliário americano e retração do crescimento econômico, além da incerteza sobre a política monetária do Federal Reserve sob o comando de Ben Bernanke. Para completar, há o nervosismo quanto à questão do programa nuclear do Irã (país que possui as segundas maiores reservas mundiais de petróleo) e às ameaças da rede terrorista Al-Qaeda.

O risco país subiu 0,38%, para 263 pontos, enquanto o A-Bond ganhou 0,09%, vendido com ágio de 9,50%.

Entre os papéis que compõem o Índice Bovespa, as maiores altas foram de Banco do Brasil ON (5,06%), Cesp PN (2,03%) e VCP PN (1,84%). As maiores quedas foram de Usiminas PNA (5,81%), Gerdau PN (5,17%) e Gerdau Metalúrgica PN (5,13%).