Título: BB vai ampliar volume de ações no mercado
Autor: Vânia Cristino
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/02/2006, Economia & Negócios, p. B5

Banco pretende ofertar em leilão até 7,5% de seu capital em papéis em poder do Tesouro

BRASÍLIA

Banco do Brasil (BB)comunicou ontem ao mercado que pretende ampliar o volume de ações em poder do público. Em um fato relevante enviado à Bolsa de Valores e à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o banco informa que pretende ofertar ao mercado, em leilão, até 7,5% de seu capital, em ações que hoje estão em poder do Tesouro Nacional, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na tesouraria do próprio Banco do Brasil e do fundo de pensão dos funcionários do BB, a Previ.

O documento informa, também, que ainda não foi tomada uma decisão quanto ao aumento da participação de estrangeiros no capital do banco. Em sua edição de quarta-feira, o Estado adiantou que o governo estudava a oferta de ações do BB ao mercado, com a possibilidade de vender parte dos papéis a investidores internacionais. A venda de mais ações ao mercado cumpriria duas funções: aumentar a liquidez dos papéis e ampliar a presença da instituição no índice Bovespa. O BB precisa ter pelo menos 25% de seu capital negociado em bolsa para poder ingressar no chamado Novo Mercado. Hoje, essa participação é da ordem de 7%.

O noticiário em torno da venda das ações foi o que levou o BB a tomar a iniciativa de fazer um comunicado oficial ao mercado. "Não podemos perder de vista a transparência que deve acompanhar todo o processo", argumentou o gerente de Relações com Investidores do BB, Marco Geovanne. Ele explicou que, para a oferta pública ir adiante, será preciso que os principais acionistas (Tesouro, BNDES e Previ) concordem em vender parte dos papéis.

O Tesouro Nacional, acionista majoritário do BB, detém 72,1% das ações do banco. Parte dessas ações é de titularidade do Fundo de Garantia à Exportação (FGE), citada no comunicado do BB. A Previ detém outros 13,9% e o BNDES-Par 5,8%, além do próprio BB que possui 1,4% de suas ações em tesouraria, ou seja, sem serem negociadas. Se todos concordarem em vender, a oferta pública poderá atingir 7,5% das ações que compõem o capital total do BB.

Esse porcentual pode parecer pequeno mas, segundo Geovanne, não é. Ele praticamente dobrará a quantidade de ações negociadas em Bolsa e que somam 6,8% do capital do banco e que estão nas mãos de investidores pessoas físicas e jurídicas, além dos estrangeiros. A oferta e mais a subscrição dos bônus B (papéis usados em 1996 para a capitalização do banco), que somam 2% das ações e que começa agora no dia 31 de março, elevarão para mais de 15% a quantidade de papéis do BB negociados em Bolsa.

É um passo importante para o ingresso da instituição no Novo Mercado da Bovespa, que exige o porcentual de 25% das ações em negociação no mercado.

O gerente afirma que não há ainda qualquer detalhamento da operação. "Primeiro todos têm de concordar." No governo, a decisão de vender as ações do BB não é tranqüila. O PT foi contra no governo passado e há integrantes do primeiro escalão que acham que não é a hora, apesar da alta dos papéis.