Título: CPI terá acesso a contas de Duda na próxima semana
Autor: EUGÊNIA LOPES E PAULO SOTERO
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/02/2006, Nacional, p. A7

Segundo Delcídio, há compromisso dos EUA de que comissão compartilhará dados encaminhados ao Coaf

A CPI dos Correios terá acesso, na semana que vem, aos documentos da quebra do sigilo bancário e fiscal da conta Dusseldorf, do publicitário Duda Mendonça. A informação é do presidente da comissão, senador Delcídio Amaral (PT-MS), que conversou ontem por telefone com os três integrantes da CPI que foram aos Estados Unidos tentar obter acesso aos dados sobre origem e valores dos depósitos bancários feitos em contas no exterior do publicitário.

Segundo Delcídio, os papéis serão repassados ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e, por meio dele, à comissão. "A viagem dos integrantes da CPI teve o resultado esperado e há o comprometimento de encaminhar as contas de Duda ao Coaf com a determinação do compartilhamento dos dados", explicou em Brasília, na reunião da CPI.

Em depoimento à comissão, em agosto passado, Duda confessou que recebeu R$ 10,5 milhões do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza como parte do pagamento pela campanha do PT de 2002. Esses recursos, segundo o publicitário, foram depositados na conta da offshore Dusseldorf.

O governo dos EUA enviou em novembro os documentos com a quebra do sigilo da conta de Duda para a Polícia Federal, o Ministério Público e o Departamento de Recuperação de Ativos do Ministério da Justiça. As autoridades americanas negaram, no entanto, o repasse das informações para a CPI. Por isso o relator, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), e os relatores-adjuntos Eduardo Paes (PSDB-RJ) e Maurício Rands (PT-PE) foram aos EUA.

Ontem, eles encerraram sua missão em Washington dizendo-se satisfeitos. "O resultado foi animador", contou Serraglio ao fim de uma reunião de 45 minutos com representantes do Departamento de Justiça. "Nossa visita foi importante para deixar claro às autoridades americanas nosso empenho no combate à corrupção e creio que eles compreenderam isso." Antenor Madruga, diretor do Departamento de Recuperação de Ativos, acompanhou a missão.