Título: Formador de opinião resiste à melhora na imagem de Lula
Autor: Denise MadueñoEugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/02/2006, Nacional, p. A4

Especialistas em pesquisa têm o diagnóstico da melhoria dos índices de aprovação do governo Lula a partir do início do ano: o governo soube combinar bem a redução das atividades das CPIs com uma superexposição do presidente e de resultados do governo, combinando publicidade oficial com a exploração do carisma de Lula. "A campanha publicitária foi essencial", diz Fátima Pacheco Jordão.

O cientista político Antônio Lavareda, da MCI Estratégia, observa que as duas últimas pesquisas divulgadas - uma do Ibope e outra do Datafolha - revelaram uma recuperação da imagem do governo Lula nos setores de mais baixa renda e escolaridade; não foi uma melhoria distribuída ao longo das faixas de renda e escolaridade.

Isso quer dizer que os fatos e meios utilizados pelo governo para lançar sua ofensiva sensibilizaram apenas a chamada base da sociedade e não impressionaram os setores ditos "formadores de opinião". Ricardo Guedes, diretor do Instituto Sensus, lembra que a manutenção do apoio dos setores de mais baixa renda e escolaridade - os grupamentos sensibilizados pela ofensiva governamental - vai depender da manutenção contínua dos benefícios que elas identificaram.

Um dos principais benefícios está garantido até as eleições: o governo planeja chegar a outubro com 12 milhões de famílias no Bolsa Família, o que significa algo como 24 milhões de eleitores, mais os agregados, lembra Guedes. Mas ele observa que a base da sociedade identificou também benefícios proporcionados pela estabilidade econômica, pela redução do desemprego e por uma melhoria nas ações de saúde e previdência.

Fátima, Guedes e Lavareda concordam: o avanço dos dados eleitorais do candidato Lula surfou na onda da melhoria da imagem do governo, com a vantagem de que o presidente, em janeiro, não teve contraditório.