Título: 'É um panfleto para aparecer', diz Vidigal
Autor: Vera Rosa, Mariângela Gallucci
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/02/2006, Nacional, p. A4

Presidente do STJ defende Jobim e ataca autores de interpelação

"Um panfleto de quem quer aparecer na mídia." Foi com essa frase forte que o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Edson Vidigal, defendeu ontem o presidente do STF, Nelson Jobim, e atacou os autores de uma interpelação contra ele. Vidigal afirmou que a atuação de Jobim não pode ser questionada. "Até agora não houve nenhum prejuízo ao STF", disse, em resposta às perguntas sobre a hipótese de Jobim ter tomado decisões jurídicas de olho numa eventual candidatura.

"O que não podemos aceitar (de Jobim) é uma atuação partidária", afirmou Vidigal, depois de também se reunir com o presidente Lula. Para ele, "não tem pé nem cabeça" a interpelação assinada por juristas, representantes da imprensa e da Igreja Católica, cobrando de Jobim que declare se é candidato ou não. "Isso é para quem quer aparecer. Jobim não precisa responder, porque não há crime de responsabilidade."

Jobim tem cinco dias para responder à interpelação. Para seus críticos, se confirmar a intenção de se candidatar, ele terá de renunciar ao cargo ou pode ser denunciado por crime de responsabilidade. Os responsáveis pela interpelação argumentam que a Constituição e a Lei Orgânica da Magistratura proíbem juízes de ter qualquer atividade político-partidária.

Para Vidigal, a decisão de Jobim sobre uma eventual candidatura nas eleições deste ano é de "foro íntimo". "Todo mundo tem o direito de disputar cargo político", argumentou. Ele disse que foi ao Planalto pedir o apoio de Lula a emendas ao orçamento de interesse do STJ.