Título: Motorista assessorado pelo PT
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Fonte: O Estado de São Paulo, 20/01/2006, País, p. A2

Macedo teria transportado dólares cubanos

BRASÍLIA - O ex-motorista do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, Éder Eustáquio Macedo, admitiu ter mentido ontem em depoimento na CPI dos Bingos. Testemunha-chave de que o PT teria recebido dólares vindos de Cuba, Macedo confessou ter recebido acompanhamento jurídico do advogado Hélio Silveira, que atende à ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy, do PT. A confissão foi feita depois de Eustáquio ser muito pressionado pelos senadores. Depois de cair várias vezes em contradição, Macedo admitiu que tinha mentido aos integrantes da CPI quando tentou explicar como conhecera a equipe de advogados que o defendem.

Macedo dirigiu o carro que teria transportado supostamente três caixas contendo dólares vindos de Cuba para a campanha do PT em 2002. Primeiramente, ele afirmou que contratou sua advogada, Stela Cristina Nakazato, por recomendação do advogado Hélio Silveira, que teria conhecido em São Paulo no período em trabalhou como taxista, antes de 2003. O motorista apresentou diversas explicações de como encontrou Silveira. Pressionado pelos integrantes da CPI, em sua maioria da oposição, Macedo resolveu revelar parte da verdade: no dia seguinte da aprovação de sua convocação pela CPI foi procurado por Silveira para tratar de sua defesa e do depoimento. Disse ainda que teve um encontro com o advogado num escritório do PT no bairro paulistano da Vila Mariana.

Silveira já prestou diversos serviços ao partido dos trabalhadores. Hélio Silveira negou ter recebido orientação do PT para defender o motorista.

A advogada Stela Nakazato, que acompanhou ontem Macedo em seu depoimento, disse aos integrantes da comissão que seu escritório também já trabalhou para os diretórios petistas de São Bernardo do Campo (SP) e São Paulo. Macedo disse que a conhecera apenas na quarta-feira.

Macedo afirmou que até 2002 trabalhava como taxista em São Paulo e freqüentemente prestava serviços como motorista para uma empresa que alugava carros de luxo blindados. Tornou-se o motorista que atendia a petistas que precisavam se deslocar em São Paulo no período pré-eleitoral.

O motorista transportou os assessores de Palocci e algumas vezes o próprio ex-prefeito de Ribeirão Preto, que em 2003 foi nomeado ministro da Fazenda pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Palocci sempre estava acompanhado de Ademirson Ariovaldo da Silva, assessor especial do Ministério cujo indiciamento foi pedido na quarta-feira pelo relator da CPI dos Bingos, senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN). Ademirson convidou Macedo para trabalhar no Ministério da Fazenda.

Ontem, a assessora legislativa do Ministério Ilma Lima foi acusada pela CPI de ter pedido a troca do dia da passagem de ida de Macedo à Brasília, possibilitando o encontro do motorista com sua equipe de defesa e integrantes do ministério. Macedo também dispensou a diária de hotel que a CPI oferece aos depoentes. A estadia foi paga por Hélio Silveira.