Título: Para CNI, qualquer corte de gastos é bem-vindo
Autor: Marcelo Rehder
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/02/2006, Economia & Negócios, p. B1

A proposta de "um acordo social" feita pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci, foi bem recebida pelo presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto. "Qualquer acordo que tenha como objetivo melhorar os gastos públicos, disciplinar os gastos para que se possa ter um política monetária menos agressiva terá sempre o apoio do setor empresarial", disse ao Estado. "A sociedade não agüenta mais aumento de impostos, o financiamento das despesas vai ter de se dar pela racionalidade dos gastos."

Monteiro Neto lembrou que os gastos correntes com a máquina pública têm crescido mais que a economia brasileira nos últimos anos, o que levou ao aumento da carga tributária no País. Ele acredita que a exemplo do que ocorreu em 2004, os dados de 2005 devem mostrar um novo aumento dos impostos. O presidente da CNI acredita que o governo terá de devolver esses recursos à sociedade por meio de novas medidas de desoneração tributária.

O presidente da CNI não concorda com Palocci sobre a política de juros. O ministro disse que mesmo com a inflação sob controle não pode haver uma queda drástica dos juros. "A política monetária não pode ser relaxada, mas também não pode ser mal calibrada como no ano passado porque isso também tem um custo fiscal", disse Monteiro Neto referindo-se ao aumento da dívida pública atrelada à taxa básica de juros.

A proposta de acordo social também foi defendida pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). "Nós já trocamos idéias com Palocci,em mais de uma ocasião, sobre esse assunto", diz Paulo Francini, diretor da Fiesp.