Título: Para Ipea, na eleição juro será o menor em 30 anos
Autor: Marcelo Rehder
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/02/2006, Economia & Negócios, p. B1

A taxa Selic deverá chegar ao primeiro turno das eleições em 15%, o nível mais baixo dos últimos 30 anos. A projeção foi feita ontem pelo coordenador do Grupo de Acompanhamento Conjuntural (GAC) do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Fabio Giambiagi. Ele ressalta que o Banco Central (BC) não está sendo eleitoreiro, mas reconhece que será um "trunfo" para o governo.

"Se o BC fosse eleitoreiro, não teria subido tanto os juros", diz o economista. Ele explica que, curiosamente, a política monetária tem sido uma espécie de "Geni" da política brasileiras nos últimos 18 meses, principalmente pela desaceleração do nível de atividade recente. Olhando para o futuro, contudo, as perspectivas são promissoras, comenta.

Giambiagi trabalha com um cenário de que 0,75 ponto porcentual no próximo corte da Selic, seguido de duas reduções de 0,50 ponto e, a partir daí, de 0,25 ponto. Ele explica que seria inviável manter sucessivos cortes em níveis elevados e é natural uma suavização dessas reduções com o tempo.

O economista argumenta que este nível de juros, anualizado, é o menor desde 1970. Apenas no Plano Cruzado houve taxa um pouco menor, por meses isolados. As projeções foram divulgadas durante seminário no Rio, promovido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Segundo ele, há dados negativos na economia, como uma taxa de crescimento média de 3,6% entre 2004 e 2005, enquanto um grupo de países cresceu mais do que isso. Além disso, as taxas de investimento (descontada a inflação) caíram em dois anos.

Em compensação, prosseguiu o economista, além dos níveis mais baixos de juros, pela primeira vez desde a estabilização econômica um governo assumirá "sem necessidade de se fazer um ajuste fiscal ou desinflacionar a inflação", o que aumenta a margem de manobra.