Título: Para analistas, setor cresceu 1,6% em dezembro
Autor: Isabel Sobral
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/02/2006, Economia & Negócios, p. B4

Analistas e economistas de bancos esperam um crescimento de 1,6% na produção industrial em dezembro, dado que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística divulga hoje. Essa era a projeção constante da pesquisa semanal Focus, do Banco Central.

O número refere-se a uma comparação com dezembro de 2004. O dado mais aguardado pelos economistas, porém, é o comportamento da produção industrial em dezembro em relação a novembro, que não é pesquisada pelo Focus. "Esta informação será relevante para o mercado calibrar suas apostas de juros para o futuro", disse o economista-chefe da corretora Concórdia, Elson Teles.

Ele próprio apostava num crescimento de 1,5%, mas afirmou que qualquer número entre 1% e 2% não será recebido com surpresa pelo mercado. "Nesta hipótese, o BC tenderá a manter o gradualismo em sua política de redução de juros nos meses de março e abril", disse. Caso o resultado venha acima deste intervalo, o mercado passará a acreditar numa mudança no ritmo de cortes. "A perspectiva será de aceleração das quedas. Na situação oposta, as expectativas se concentrarão na possibilidade de aumento do conservadorismo do BC", disse Teles.

Se a estimativa de crescimento de 1,5% em dezembro se confirmar, a produção industrial fechará o ano de 2005 com uma expansão de 2,9%. "É um número ainda muito baixo para a nossa situação", disse, lembrando que em 2004 o aumento da produção industrial foi superior a 8%. Para este ano, os participantes da pesquisa do BC acreditam num aumento de 4% da produção industrial. "A produção industrial deve apresentar expansão entre 3,50% e 4% este ano", disse o economista da Concórdia.

A receita para crescer mais, segundo Teles, passa necessariamente pela realização das reformas estruturais da economia e por uma melhora da qualidade do ajuste fiscal. "É muito fácil fazer um superávit primário de 4,8% do PIB com aumento da arrecadação de impostos e elevação das despesas correntes", afirmou.

Os analistas mantiveram em 3,5% a projeção de crescimento do PIB para este ano.