Título: Dependência da Bolívia não acaba no médio prazo
Autor: Nicola Pamplona
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/02/2006, Economia & Negócios, p. B6

O Brasil continuará a importar gás natural no médio e no longo prazos, especialmente da Bolívia, observa estudo da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) sobre o combustível. A empresa analisa a evolução do consumo nos últimos anos, os planos de produção da Petrobrás e a expectativa de consumo para os próximos anos. Atualmente, diz a EPE, o Brasil consome cerca de 43,6 milhões de metros cúbicos de gás natural (fora o consumo próprio da Petrobrás em suas plataformas) - cerca de 26 milhões de metros cúbicos ao dia vem da Bolívia.

Pelos dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP) o Brasil já gasta cerca de US$ 1 bilhão por ano com a compra de gás natural da Bolívia. Uma elevação de preços adiaria os planos brasileiros de atingir a auto-suficiência na produção e consumo de petróleo e derivados na segunda metade do ano.

Outro 'desafio' que terá de ser equacionado é a construção da malha de gasodutos no País. Os especialistas do setor sabem que qualquer projeto na área depende da Petrobrás, titular da quase todas reservas descobertas no País e do gasoduto que traz o gás da Bolívia. A falta de um marco institucional dificulta investimentos no setor, até por falta de garantias bancárias.

O aumento na produção terá de ser escoada por uma malha de gasodutos - sem ela, a Petrobrás queima mais de sete milhões de metros cúbicos de gás todos os dias, volume suficiente para gerar cerca de 1.500 MW médios de energia elétrica no País.