Título: Ex-presidente compara embate a uma guerra
Autor: Carlos Marchi
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/02/2006, Nacional, p. A7

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso voltou a lamentar que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha escolhido o PSDB como ¿inimigo¿, ao invés de buscar a construção de convergências. E, neste ano eleitoral, o cenário é o mesmo. ¿Fomos definidos como adversários e fomos à guerra¿, afirmou o ex-presidente, durante debate sobre a evolução da democracia na América Latina. ¿E, na guerra, como na guerra.¿ Para FHC, o País perdeu uma ¿oportunidade histórica¿ de avançar mais, especialmente depois da transição bem sucedida após seu governo.

O ex-presidente evitou citar Lula e pregou a ¿desideologização¿ dos problemas no Brasil, que ainda precisa escolher um caminho a seguir no mundo atual. ¿Não quer dizer que não existam posições diferentes, mas você não pode ficar cego por uma visão ¿ não vê o novo.¿

Há riscos de um ¿neopopulismo¿ na América Latina, admitiu FHC, citando alerta do historiador Boris Fausto, um dos debatedores do encontro, ao lado do cientista político Bolívar Lamounier, do presidente da Fapesp, Carlos Vogt e do jornalista Paulo Moreira Leite, do Estado. O ex-ministro Pedro Malan foi o mediador. Os exemplos desse neopopulismo ¿são óbvios¿ disse o ex-presidente.

FHC deu a entender que Lula falhou como líder. ¿O líder não é quem aponta objetivo, é quem traça o caminho. O líder que aponta o objetivo é um pregador, vai até para o céu, mas o político que fica o tempo todo só falando `eu sou puro, eu sou puro¿, não faz nada e acaba não-puro. Ele tem que mostrar o caminho que leve a melhorar, ter uma visão realista.¿