Título: Europa isola pessoas com suspeita de gripe aviária
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/02/2006, Vida&, p. A14

Grego aguarda teste e vilarejo romeno fica em quarentena

REUTERS, AP E EFE

A Grécia isolou preventivamente em hospitais distintos da cidade de Tessalônica duas pessoas suspeitas de terem contraído o vírus H5N1, causador da gripe aviária. A medida foi anunciada ontem, dois dias depois de ser confirmado que a doença causou a morte de três cisnes. Nos dois casos humanos - um adolescente que teve contato com um cisne há nove dias e um caçador que teria matado três patos selvagens há uma semana -, os exames iniciais deram negativo, mas até amanhã deve sair uma segunda rodada de testes para confirmação. Como a febre do adolescente cedeu, ele recebeu alta no final do dia.

O Instituto de Saúde Animal e Diagnósticos da Romênia confirmou ontem a incidência de H5N1 em aves encontradas mortas sábado no vilarejo de Sarina Suf, no delta do Rio Danúbio. O novo foco aparece depois de o país ter debelado com sucesso várias outras ocorrências.

A comunidade inteira de Sarina Suf entrará em quarentena, e todas as aves da localidade serão sacrificadas. Também foram detectados casos suspeitos em Topraisar, perto do Mar Negro e 40 quilômetros ao norte da fronteira com a Bulgária. As autoridades romenas afirmam que até o momento não há registro de infecção em humanos. A foz do Danúbio forma um leque com a maior extensão de pântanos da Europa, e fica na passagem de uma das principais rotas migratórias de aves selvagens.

Surgiu um caso suspeito de gripe aviária na Eslovênia, encravada entre Itália, Áustria, Hungria e Croácia. Amostras foram encaminhadas ao laboratório britânico de Weybridge, para confirmar se é o H5N1.

Na Espanha, cresce a preocupação de que a gripe chegue ao país pela migração de aves vindas da Nigéria. Para a ministra da Agricultura, Elena Espinosa, as chances de que isso ocorra agora são maiores. Depois de invernar ao sul em território africano, as aves retornam à Europa passando pela Península Ibérica. As autoridades estão mais preocupadas com as ocorrências na Nigéria do que com os casos detectados recentemente na Itália, por exemplo, uma vez que as aves encontradas naqueles países não migram para a Espanha.

O ministro italiano da Saúde, Francesco Storace, visitou ontem localidades na Sicília, Calábria e Puglia, onde foram encontrados seis cisnes selvagens mortos em decorrência do H5N1.

IRAQUE

Especialistas americanos deixaram o Iraque ontem, levando amostras para um laboratório da Marinha americana no Egito, após finalizar inspeções em áreas ao norte do país em que foi confirmado um caso, letal, em uma garota de 15 anos, proveniente de Raniya, no Curdistão iraquiano. Suspeita-se que um tio da menina, morto recentemente, também tenha contraído a doença, mas os resultados dos testes ainda não estão disponíveis. Cerca de nove outras pessoas foram hospitalizadas com sintomas compatíveis com os da gripe aviária.

Os resultados dos testes conduzidos pelos dois cientistas veterinários americanos podem ficar prontos em 24 horas, ou demorar até duas semanas.

Outros seis membros do Comitê de Emergência da Organização das Nações Unidas vão permanecer "muitos dias" no Iraque, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Lotes de Tamiflu, remédio que tem sido usado no tratamento da gripe aviária, estão sendo enviados ao Iraque, mas a OMS alerta que estão faltando roupas de proteção às equipes de saúde.

Segundo a organização, a gripe aviária já matou 91 pessoas na Ásia e na Turquia desde 2003. Só na Ásia, 140 milhões de aves foram abatidas para impedir a disseminação da doença.