Título: Lula garante que pacote não é eleitoreiro
Autor: Vânia Cristino
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/02/2006, Economia & Negócios, p. B1

Em discurso no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva respondeu indiretamente aos ataques do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de que o governo tem agido de forma eleitoreira. Lula afirmou que medidas como o pacote de habitação só não foram anunciadas antes porque não se podia, mas agora foram criadas as condições para fazê-lo. "Interpretem como quiserem."

Após comemorar os números da habitação, lembrar que antes essa área não era priorizada e garantir que não vai faltar dinheiro, Lula fez mais promessas. Anunciou que as alíquotas do IPI poderão cair ainda mais.

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, também foi otimista. Segundo ele, se a arrecadação continuar estável, o governo poderá fazer novos projetos de desoneração tributária. Ele disse que as 500 maiores empresas do País tiveram o melhor lucro dos últimos 23 anos em 2005, o que impulsionou a arrecadação. "Por este fator sadio é que a arrecadação cresceu e, se continuar estável, vamos poder continuar nossos projetos de desoneração."

Lula justificou a demora do início dos investimentos pelo governo. "Quando você ganha uma eleição, no primeiro ano você trabalha com orçamento do governo anterior, em que as metas já estão definidas. Você pode fazer muito pouco", queixou-se. "No ano seguinte, quando você pensa que vai fazer, tem eleição municipal, então, todo mundo sabe que no Brasil já virou cultura, no ano de eleição o Brasil é como no carnaval, o pessoal dedica mais tempo à eleição", prosseguiu. "Depois, em 2005 vocês perceberam que as coisas estavam arrumadas e demos um salto de qualidade muito grande".

O presidente cobrou da população engajamento para exigir dos comerciantes a redução dos preços. Palocci completou, dizendo que ia anunciar a lista dos 28 produtos beneficiados para a população tomar conhecimento e fazer a exigência da redução do preço.

Lula contou que foi questionado por que "uma coisa chique" como azulejo estava incluída na lista. "É coisa chique para você, porque Joãosinho Trinta dizia: 'Quem gosta de miséria é rico, pobre gosta de luxo'", respondeu. "O pobre, quando vai construir a casa dele, quer colocar azulejo da melhor qualidade, quer colocar vaso sanitário da melhor qualidade, não vai comprar nada de segunda, só compra se não tiver condições."