Título: Consultorias revisam projeções para 2006
Autor: Jacqueline Farid
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/02/2006, Economia & Negócios, p. B4

A reação da produção industrial no último trimestre do ano passado, sobretudo em dezembro, atenua o pessimismo em relação ao desempenho da economia em 2005 e abre uma perspectiva mais favorável ao ritmo de atividade neste primeiro trimestre. Há empresas de consultoria que já revisaram para cima as projeções de crescimento da indústria e do Produto Interno Bruto (PIB) em 2006.

"A percepção de que a economia está se recuperando reforça as esperanças de um crescimento mais elevado este ano", diz Pedro Paulo Bartolomei da Silveira, economista-chefe da GRC Visão Consultoria Econômica. Sua estimativa de crescimento do PIB deste ano, que estava mais próxima de 2,1%, agora subiu para 2,5%.

A LCA Consultores também está revendo suas projeções de crescimento para este ano. Com base nos números preliminares de outubro e novembro, a expectativa da empresa era de retomada lenta.Mas agora, com a divulgação dos dados de dezembro e dos resultados definitivos de outubro e novembro, que sofreram revisões substanciais para cima, o diagnóstico passou a ser de recuperação mais acelerada.

"Já dá para afirmar com certeza que o tombo do PIB no terceiro trimestre foi mais do que compensado no período seguinte. Com isso, a produção industrial começou o ano em nível mais elevado que o previsto inicialmente", afirma Bráulio Borges, economista da LCA.

Para a consultoria, a produção em 2006 deverá crescer 4,5% e o PIB, 3,8%. Esses números tiveram um aumento de 0,2 ponto porcentual em relação às estimativas anteriores.

"A indústria teve em dezembro crescimento pelo terceiro mês consecutivo", ressalta Júlio Sérgio Gomes de Almeida, diretor-executivo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). Para ele, ainda não se trata de um desempenho brilhante. "A indústria está morna, mas dá sinais de que vive um momento melhor do que no terceiro trimestre do ano passado, quando bateu no fundo do poço".

Paulo Francini, diretor da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), também diz que os números da indústria mostram uma melhora gradativa do setor. Mas acha que ainda é cedo para acreditar numa tendência. "Existe a hipótese e a torcida de que janeiro comece demonstrando um vigor razoável ante janeiro de 2005, mas ainda não temos indicadores suficientes".