Título: Baixa renda dá impulso aos cartões
Autor: Márcia De Chiara
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/02/2006, Economia & Negócios, p. B6

O cartão de crédito para a população de baixa renda, que recebe entre R$ 300 e R$ 499 por mês, é o que tem o maior potencial de mercado tanto em termos de número de cartões emitidos como no volume de transações para este ano, revela estudo da Credicard.

A expectativa é que 2006 feche com 80,1 milhões de cartões, 20% mais que no ano anterior, dos quais 18,5 milhões serão para a baixa renda. Nesse segmento, a taxa de crescimento deverá atingir 22,8%.

De acordo com o estudo, a previsão é que os cartões de baixa renda também deverão registrar maior taxa de acréscimo no faturamento. A receita do mercado total dos cartões de em 2006 deve atingir R$ 155,6 bilhões, 22,2% mais que no ano passado.

No segmento de baixa renda, no entanto, o faturamento previsto é de R$ 10,3 bilhões, quase 25% mais que em 2005. O prognóstico leva em conta que o Produto Interno Bruto (PIB) tenha crescimento de 3,4% este ano e considera o salário mínimo de R$ 350.

"Existe uma capacidade instalada que tende a virar consumo", prevê o diretor-executivo de Marketing da Credicard, Fernando Chacon. Para ele, o segmento de baixa renda é o único nicho de mercado com capacidade de crescimento nos níveis que a indústria de cartões registrou até hoje.

Ele sustenta a sua argumentação no fato de o estrato de renda mensal entre R$ 300 e R$ 499 foi o que teve a maior taxa de crescimento dentro da População Economicamente Ativa (PEA) entre 2001 e 2004. Nesse período, aumentou 22%. Reunia 12,5 milhões de brasileiros em 2001 e atingiu 16,4 milhões em 2004.

De 2004 para 2005, enquanto o número de cartões de credito teve alta 26,6%, o volume de cartões para baixa renda aumentou 33%. Em faturamento, porém,o desempenho da receita com cartões de baixa renda foi ligeiramente inferior à obtida pelo mercado: 25% ante 26,8%, respectivamente.

Chacon observa, no entanto,que entre 2001 e 2005 os cartões para a baixa renda registram aumentos superiores ao mercado como um todo, tanto em receita como em número de cartões. Nesse período, enquanto o número total de mercado de cartões cresceu 89%, os cartões para a baixa renda acumularam alta de 97%.

De 2001 para 2005, o faturamento do setor cresceu 118%, ao passo que a receita obtida com a baixa renda aumentou 144% no período.

Outro dado relevante do estudo, que fortalece a importância do cartão de crédito para a baixa renda, é que esse é o principal instrumento de financiamento para o portador. Na baixa renda, 27% dos donos de cartão só se financiam com eles, ante 17% dos demais portadores.

"A população de baixa renda tem pouco acesso a bancos", observa Chacon. Ele diz que, nesse caso,o cartão substitui o cheque especial. O parcelado sem juros já responde por 76% do faturamento com a baixa renda.