Título: Vasp retoma seus planos de vôo
Autor: Mariana Barbosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/02/2006, Economia & Negócios, p. 17

Empresa começou a prestar serviços de manutenção para a BRA e negocia contrato com a VarigLog

A Vasp voltou a prestar serviços de manutenção de aeronaves no aeroporto de Congonhas. O primeiro cliente da empresa - que desde o dia 16 de janeiro está autorizada pelo Departamento de Aviação Civil (DAC) a fazer manutenção para terceiros -, é a BRA. A Vasp negocia também com a VarigLog, empresa de cargas que já não pertence mais à Varig.

Antes de ser vendida para o fundo Matlin Patterson, a VarigLog fazia manutenção na VEM, empresa de manutenção da Varig que foi vendida para a TAP. Para o presidente da VarigLog, João Luis Bernes de Sousa, a localização da Vasp permite baratear os custos de manutenção. "A nossa base é em São Paulo. Sai mais barato fazer os serviços mais simples em São Paulo do que transladar os aviões para o Rio. Muitas vezes o custo do translado era mais caro do que o custo da manutenção em si", disse ele. "Era o custo Varig", brincou.

No futuro, quando a manutenção da Vasp estiver melhor equipada, Sousa pensa em contratar os serviços mais complexos (os chamados cheques C e D) que, por enquanto, continuarão sendo feitos na VEM. Na opinião do presidente da VarigLog, a entrada da Vasp no mercado de manutenção é "bem vinda". "A Vasp tem um quadro técnico excelente e sua volta ao mercado é boa para todos. As pequenas e médias empresas aéreas irão se beneficiar e será bom também para a VEM, que precisa ser mais competitiva."

A reativação dos serviços de manutenção faz parte do plano de recuperação da Vasp entregue à justiça em dezembro do ano passado. No dia 10 de março, os credores da empresa devem se reunir em assembléia para votar o plano. Eles podem aprovar, modificar ou rejeitar a proposta. Mas a rejeição implica na falência da companhia.

O negócio de manutenção ainda rende pouco para a Vasp, mas cobre os custos da recuperação judicial. Dentro dos próximos dois ou três meses, a expectativa da empresa é de gerar uma receita mensal de US$ 1,5 milhão. "É uma receita suficiente para manter a companhia viva durante o processo de recuperação", afirma Medeiros.

Com uma dívida de R$ 4,5 bilhões, a Vasp parou de voar em janeiro do ano passado, justamente por não fazer a manutenção adequada de suas próprias aeronaves. A empresa não prestava serviços para terceiros.

Nos próximos meses, a empresa pretende começar a botar em ordem parte de sua frota de cerca de 30 aviões. Mas, pelos planos, apenas quatro cargueiros devem voltar à operar com a bandeira da Vasp. Os demais - na maioria aviões velhos que consomem muito combustível -, serão recuperados e depois vendidos ou alugados para terceiros. Se o plano der certo e os investidores aparecerem, a empresa pretende fazer novos contratos de leasing para voltar a voar com passageiros até o início do ano que vem. "Até o final de 2007, a frota deve chegar a 10 aviões."

De acordo com a Vasp, a licença do DAC permite a prestação de serviços de manutenção simples (cheques A e B) e complexos (C e D) para Boeing 727 modelos 100 e 200 e para Boeing 737 modelo 100, 200, 300 e 400. Com a BRA, a empresa começou pelos cheques mais simples. "Estamos em negociação para ampliar a oferta de serviços com a BRA", garante Medeiros.

Com a reativação da área de manutenção, a Vasp recontratou alguns engenheiros dispensados com a crise. Hoje, a empresa conta com 350 funcionários, dos quais 150 técnicos da área de manutenção.