Título: Dólar é o mais baixo desde 2001
Autor: Patrícia Campos Mello
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/02/2006, Economia & Negócios, p. B1

Expectativa de isenção de impostos para investidor estrangeiro ajudou a derrubar a moeda para R$ 2,153

O dólar fechou ontem em R$ 2,153, a menor cotação desde 10 de abril de 2001. A expectativa de aprovação, nesta semana, do projeto de desoneração do investimento estrangeiro em títulos públicos ajudou a levar o comercial ao patamar mais baixo dos últimos cinco anos. Ontem, a moeda americana teve queda de 0,6%. No ano, o dólar já acumula baixa de 7,4%.

O dólar abriu o dia em alta, mas passou a cair depois do leilão de NTN-Bs (títulos da dívida pública indexados ao IPCA). Os NTN-Bs provavelmente serão alvo preferencial dos estrangeiros e têm sido usados como indicadores da demanda potencial dos investidores de fora por títulos da dívida, quando for aprovado o projeto de desoneração. O leilão teve grande demanda. O mercado interpretou isso como uma indicação do forte interesse que os estrangeiros terão pelos títulos da dívida brasileira. Assim, haverá uma grande entrada de dólares no País e mais queda do comercial.

Outro fator que levou à baixa da moeda americana foi a forte venda de dólares no mercado futuro por fundos estrangeiros. Para os fundos, a queda continuada do risco Brasil e o expressivo superávit comercial na segunda semana deste mês justificam a aposta na valorização do real. Além disso, o alto juro real doméstico continua atraindo os investidores para arbitragens entre dólar e juros.

O risco país fechou ontem novamente num dos níveis mais baixos da História, em 231 pontos, com alta de 2,2%. O risco país é uma indicação da atratividade do Brasil para os investidores estrangeiros. "O risco país vem caindo muito e o dólar é um reflexo; trata-se de um movimento decorrente dos fundamentos da economia brasileira", diz Zeina Latif, economista do banco ABN-Amro.

O BC interveio mais uma vez no mercado de câmbio, com a venda quase integral dos contratos de swap reverso ofertados (US$ 213,2 milhões) e a compra de cerca de US$ 150 milhões em mercado. Mas as intervenções não foram suficientes para inverter a trajetória de queda da moeda americana.