Título: Serraglio acha que Bastos não precisa depor na CPI
Autor: Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/02/2006, Nacional, p. A6

Segundo relator, é mais importante pedir cópia de laudo da PF sobre lista de Furnas do que ministro falar

O relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), afirmou ontem que não é necessário o comparecimento do ministro da Justiça, Marcio Thomaz Bastos, para depor na comissão. O PSDB e o PFL defendem a convocação do ministro para que ele se pronuncie sobre a autenticidade da chamada lista de Furnas, que é atribuída a Dimas Toledo, ex-diretor da empresa, e traz o nome de 156 políticos que teriam recebido recursos de fonte irregular nas campanhas de 2002.

"Não vejo necessidade de chamarmos o ministro Thomaz Bastos à CPI", disse Serraglio. "Temos é que solicitar uma cópia do laudo da Polícia Federal sobre a lista de Furnas."

O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), também acha desnecessária a convocação do ministro antes da conclusão do inquérito da PF sobre a autenticidade do documento. "Não acho que ele possa resolver e dar um veredicto final sobre uma investigação que ainda está em curso."

Dimas será ouvido amanhã pela CPI. Na avaliação do relator, seu depoimento não trará grandes revelações. "Tenho a impressão de que ele (Dimas) vai repetir tudo o que falou à Polícia Federal, na semana passada. Ou seja: negar a autoria da lista", observou Serraglio.

Paralelamente ao depoimento do ex-diretor de Furnas, a cúpula da CPI articula para que o lobista Nilton Monteiro vá à comissão o mais rápido possível. "Se for costurado um entendimento para ele ser ouvido, não vou criar dificuldades", disse Serraglio. Cópia do depoimento de Monteiro já foi solicitada à Polícia Federal.

"Quero ver esse depoimento para que, se os partidos resolverem chamá-lo, como fizeram no caso do Dimas Toledo, eu já tenha lido o que ele falou", explicou o relator. Nilton teria entregue à PF a lista supostamente assinada por Dimas com o nome dos políticos beneficiados com recursos de caixa 2.

PALPITE

Bastos disse ontem, em São Paulo, que iria "com muita honra" à CPI depor sobre a lista de Furnas - desde que fosse convocado, para não "avançar o sinal" das investigações. Ele acrescentou, no momento, que não teria dados conclusivos sobre o documento.

"Eu não posso falar nada (sobre a lista de Furnas), porque isso vai ser objeto de perícia, isso não é objeto de um palpite meu ou de uma opinião minha", afirmou o ministro, ressaltando que não interfere nos trabalhos da Polícia Federal.

"Eu acompanho essas investigações como todas as outras da Polícia Federal, um pouco de longe, para que não se faça a exploração do meu maior ou menor conhecimento", continuou o ministro, dizendo não saber, inclusive, se no inquérito sobre o caso aparece uma cópia ou o documento original.

Bastos criticou o vazamento da lista, que, segundo ele, vinha sendo investigada "com bastante calma pela Polícia Federal" até que um depoente "deu uma entrevista à imprensa".

As declarações do ministro foram feitas após uma aula magna proferida ontem na Faculdade de Direito do Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU).