Título: 'Ataque aéreo ao Irã mataria milhares'
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Fonte: O Estado de São Paulo, 13/02/2006, Internacional, p. A8

Adverte renomada organização de pesquisas militares da Grã-Bretanha

Um ataque aéreo americano contra instalações nucleares e militares iranianas causaria provavelmente a morte de milhares de pessoas, desencadearia uma longa guerra e levaria o Irã a acelerar seu programa atômico, informou ontem o Oxford Research Group (organização britânica voltada para estudos de controle de armamentos e não proliferação nuclear). "Um ataque ao Irã levado a cabo pelos Estados Unidos ou Israel é uma opção que não deveria ser considerada em qualquer circunstância", insistiu a instituição.

O presidente americano, George W. Bush, tem recusado descartar o recurso às armas caso o Irã ignore completamente os esforços diplomáticos da comunidade internacional para demovê-lo do intento de desenvolver o que os Estados Unidos classificam de programa nuclear militar. Segundo o professor Paul Rogers, da Universidade de Bradford, um ataque aéreo deveria ocorrer de forma simultânea contra 20 instalações nucleares-chave e plantas militares envolvidas no programa, além de equipamento de defesa aérea. Esse tipo de ação militar, destacou Rogers, provavelmente mataria vários milhares de pessoas, incluindo tropas, técnicos envolvidos no programa nuclear e civis.

Segundo o Sunday Telegraf, o Pentágono já está elaborando planos para ataques devastadores contra centros nucleares iranianos, apoiados por mísseis balísticos lançados de submarinos.

Segundo o jornal, os ataques seriam o "último recurso" para bloquear os esforços de Teerã de desenvolver armas atômicas. O governo de Teerã assegura que tem intenção de desenvolver apenas um programa de energia nuclear. Reafirmou ontem que está comprometido com o Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), um dia depois de o presidente do país, Mahmud Ahmadinejad, ameaçar abandonar o tratado.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Hamid-Reza Asefi, disse em entrevista coletiva que as palavras de Ahmadinejad foram "mal interpretadas", e reiterou que "a política do Irã se baseia em usar pacífico da energia atômica".

O governante iraniano ameaçou no sábado revisar sua política sobre a energia nuclear do país se quiserem "destruir" seu direito ao uso desta energia, em referência às pressões internacionais que estão recebendo.

"O presidente quis dizer que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e as outras partes (os países ocidentais) não devem fechar todas as portas ao Irã, e têm que solucionar o problema por meio do diálogo", disse Asefi.

A AIEA enviou o programa iraniano ao Conselho de Segurança da ONU ao suspeitar que este pode ser utilizado para fabricar armas atômi cas.