Título: Operador diz conhecer Sereno
Autor: Vannildo Mendes
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/02/2006, Nacional, p. A7

O operador de mercado Murilo de Almeida Rego admitiu que é amigo do ex-secretário de Comunicação do PT Marcelo Sereno e confirmou que foi assessor parlamentar do ex-deputado e atual prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT), entre 1994 e 1996. Suspeito de ter feito operações que deram prejuízo a fundos de pensão, Murilo - que é filho de Haroldo de Almeida Rego, conhecido como Haroldo Pororoca - disse ontem, em depoimento à CPI dos Correios, que nunca conversou com Sereno sobre operações de mercado com fundos de pensão.

"O Marcelo Sereno é meu amigo e nunca conversamos sobre fundos de pensão nem sobre política", disse Murilo. Ele sustentou que o patrimônio da família engloba 85 imóveis. "Ficou claro que eles têm uma movimentação financeira incompatível com o que está na declaração de renda deles", observou o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), sub-relator de fundos de pensão da CPI dos Correios. "Além disso, têm ligações estreitas com PC do B e PT e ficou claro que têm participação na indicação de dirigentes de fundos de pensão."

A CPI também ouviu ontem o depoimento da ex-gerente financeira do Nucleos - fundo de pensão dos funcionários de estatais ligadas à área nuclear - Fabiana Carnaval Carneiro. Ela é prima de Christian de Almeida Rego, também filho de Haroldo Pororoca, suspeito de ter feito operações fraudulentas com fundos de pensão. ACM Neto acusou o Nucleos de ter realizado operações que provocaram prejuízos de R$ 1,13 milhão ao Virconio, um fundo de investimento mantido com recursos do fundo de pensão. Fabiana afirmou que não conhecia essas operações.

FUNARO

O relatório final da CPI dos Correios vai propor o indiciamento do economista Lúcio Bolonha Funaro, que teria dado prejuízo de R$ 100 milhões a fundos de pensão e participado de repasses de recursos ao PL. Ontem, ele voltou a desrespeitar convocação para depor - pela terceira vez. ACM Neto pediu à Polícia Federal e à Interpol que encontrem Funaro e o levem para depor. "Ele vai ser fortemente citado no relatório da CPI e terá o indiciamento pedido, mesmo que não venha à comissão."