Título: Irã insiste em enriquecer urânio
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Fonte: O Estado de São Paulo, 20/02/2006, Internacional, p. A9

País reitera que continuará com seu programa atômico, apesar de pressão do Ocidente

TEERÃ

O Irã não renunciará ao enriquecimento de urânio, insistiu ontem o chefe da delegação iraniana encarregada de negociar a questão nuclear, Javad Vaidi. Ele acrescentou que o pedido feito pelos países ocidentais é um sinônimo de "humilhação nacional".

"A República do Irã não é obstinada nem aventureira, mas não aceitará a supressão de suas atividades para a fabricação de combustível nuclear", disse Vaidi, membro do Conselho Nacional de Segurança. Vaidi e o chanceler iraniano, Manuchehr Motaki, viajarão hoje para Bruxelas para se reunir com o alto representante da União Européia para Política Exterior, Javier Solana. O encontro ocorrerá em meio a novos esforços diplomáticos para pôr fim ao impasse com o Ocidente em torno do programa nuclear iraniano. O Irã insiste que seu programa busca desenvolver combustível nuclear para geração de energia, mas os EUA o acusam de tentar fabricar armas nucleares.

O chanceler iraniano disse ontem que seu país poderia considerar uma proposta da Rússia para enriquecer urânio em território russo, mas somente se forem satisfeitas certas exigências. Motaki disse que o Irã precisa determinar "os sócios do plano, a duração do projeto, o local do enriquecimento e o consenso de todos os setores envolvidos". Ele reiterou que seu país não aceitará nenhuma "negociação condicional" sobre seu programa nuclear. Começam hoje em Moscou negociações sobre a proposta de transferir para o território russo a produção iraniana de urânio enriquecido. Moscou fez a proposta para tentar acabar com o temor de que o Irã possa fabricar armas nucleares. A Rússia é um dos países que apoiou a resolução da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) para apresentar o caso iraniano ao Conselho de Segurança da ONU - órgão máximo da organização que poderá impor sanções ao Irã.

O presidente cubano, Fidel Castro, recebeu o presidente do Parlamento do Irã, Gholam Ali Haddad Adel, a quem ratificou o "firme apoio de Cuba ao direito do Irã de usar a energia nuclear para fins pacíficos, incluindo a produção do combustível pertinente", publicou ontem o jornal Juventud Rebelde.